Frankenstein (2025): Está VIVO!
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Talvez um dos personagens mais icônicos de todos os tempos, o monstro de Frankenstein ressurge com uma nova proposta. Desta vez, capitaneado por Guillermo del Toro, o longa aposta em reforçar os temas do livro original a partir da forte veia criativa do diretor e de uma nova roupagem.
Em uma época em que se debate a moralidade e o excesso de conteúdo gerado por inteligência artificial dominando o espaço digital, Frankenstein vem como um alívio no catálogo da Netflix. Não acredito que seja um longa-metragem isento de defeitos, mas sua forte veia artística traz um aspecto “cinemão” inegável.
Felizmente, o filme não se contenta apenas com os visuais bonitos, mas se aprofunda nos debates proporcionados pelo livro, trabalhando com a vulnerabilidade de seu protagonista para explorar a humanidade do monstro e a monstruosidade humana, assim como a busca por identidade em uma profunda jornada psicológica e emocional.
Jacob Elordi se destaca pela vulnerabilidade em sua versão do monstro. O ator usa e abusa de sua fisicalidade no retrato da criatura, que muitas vezes lembra um ser andrógeno de outro planeta. Oscar Isaac está explosivo e repulsivo em sua versão de Victor, parecendo muito ter se divertido nas gravações. Mia Goth deixa uma impressão forte com uma personagem marcante, ainda que com um reduzido tempo de tela.
O roteiro brilha em sua sensibilidade, mas por vezes extrapola a obviedade, causando um choque pela discrepância entre o profundo e o raso. Por exemplo, em uma cena onde Victor explica com todas as palavras uma das mensagens do filme (caso o espectador não a tenha entendido) – contrastando com o apurado visual e diálogos do filme, que já haviam deixado o recado bem claro. Isso não tira o brilho do longa de forma alguma, mas é perceptível. Outro elemento que pode vir a tirar a imersão de alguns são os inconsistentes efeitos especiais – por vezes intocáveis, mas por outras um tanto inconsistentes. Ademais, achei o filme um pouco longo, ainda que use bem de sua duração na maior parte do tempo.
No mais, acredito que o longa seja um prato cheio. A trilha sonora de Alexandre Desplat é profunda, impactante e melancólica. A cinematografia do dinamarquês Dan Laustsen é riquíssima e enche os olhos ao enfatizar a escala dos cenários, contrastando com o quão mínimos os personagens aparentam ser em tela. Recomendo o longa fortemente, pois ele é tocante, sensível e fica com o espectador mesmo após os últimos créditos rolarem.
Avaliação: ⭐⭐⭐⭐/5

