Memórias, desafios e conquistas; conheça a história dos 25 anos dos cursos de comunicação da Faculdade Ielusc
A primeira reportagem especial da série “Comunicação: 25 anos de história” traz relatos de egressos, professores e coordenadores de Jornalismo e Publicidade e Propaganda
Por Ana Carolina de Jesus e Bárbara Siementkowski
No mesmo ano em que Fátima Bernardes assumia a bancada do Jornal Nacional, nascia o curso de Comunicação Social na faculdade Bom Jesus/Ielusc. Era 1998 e na época o curso formava dois perfis de profissionais: os habilitados em Jornalismo e os habilitados em Publicidade e Propaganda. Desde então muita coisa mudou, Fátima já está longe da bancado do JN há mais de 10 anos e os cursos de Comunicação da Faculdade Ielusc formam profissionais em um contexto bem diferente daquele vivido no início do novo milênio.
No ano de 2023 é impossível dissociar a comunicação da tecnologia. Inteligência artificial, estratégia para redes sociais, plataformas de CRM, jornalismo de dados, otimização de mecanismos de busca, são termos normalmente estudados nas salas de aula. Afinal, o mercado exige isso. Mas há 25 anos, Joinville e região, assim como todo o país, aprendiam a utilizar a tecnologia.
Valdete Daufemback, historiadora e professora da faculdade, conta como o contexto de comunicação na época de criação do curso era ainda do nascimento da internet.
Pautada em veículos tradicionais, o mercado de trabalho em Joinville buscava profissionais para atuar no campo da Comunicação e, principalmente, nas grandes empresas que aqui existiam.
Como eram os primeiros estudantes
Ao escolher o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, Franciane Oliveira Lamim viu uma oportunidade de unir sua paixão pela leitura e escrita. Comunicativa e extrovertida, ingressou aos 16 anos na turma inaugural da Faculdade Ielusc em 1998. “Duas coisas que sempre gostei eram esportes e TV, então, ao longo do curso, fiquei muito interessada em Jornalismo Esportivo”, contou. De estagiária da Revi, Franciane viu seu sonho de fazer TV se concretizar no terceiro ano do curso, quando começou a trabalhar na TV Barriga Verde (TVBV). Nesse período, Franciane cobria jogos do Joinville Esporte Clube (JEC) e outros esportes, o que a fez se sentir realizada na profissão.
Mesmo gostando de Sociologia, Psicologia e Língua Portuguesa, Franciane preferia as aulas práticas do que as teóricas. “A partir do momento que as práticas iniciaram ficou bem mais divertido. Ir para os laboratórios e produzir conteúdo era incrível. Eu amava as aulas de Fotografia, Rádio e TV.”
Franciane contou que ainda hoje possui contato com os amigos da faculdade.
“Nos divertíamos muito, seja durante as aulas, os intervalos e também aos finais de semana. Viramos muitas noites estudando, tivemos várias dificuldades, mas no final todo mundo saiu da faculdade mais forte.”
Após se mudar para São Paulo e atuar na área de Assessoria de Imprensa, Franciane passou para Comunicação Interna e hoje trabalha na coordenadoria de Comunicação, na gerência de Marketing do Consórcio Embracon. “Sou muito feliz no que faço!”
Diferente de Franciane, Maurício José Melim, também estudante da primeira turma da Faculdade Ielusc, preferiu seguir a carreira acadêmica.
Ingressou, assim como ela, em 1998 na instituição, mas Maurício optou em cursar Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda. “Eu gostava bastante da parte de desenho e artes, e o curso tinha muitas disciplinas relacionadas a essas áreas”, conta.
Do meio do curso em diante, Maurício começou a fazer freelancer na área, mas atuou também como estagiário no Museu de Arte e participou de um projeto organizado pelo museu em parceria com a Prefeitura de Joinville. Também trabalhou em um curto período no Sesc (Serviço Social de Comércio) de Rio do Sul, na parte de organização de eventos, e no ano de 2003 Maurício iniciou o mestrado. Seis anos depois, em 2009, Maurício, ou como todos o chamam, Professor Melim, retornou à mesma faculdade que o formou publicitário para agora lecionar nos cursos de comunicação.
“As disciplinas que eu mais me interessava na faculdade eram Semiótica e Teorias da Comunicação. E é curioso pois são duas disciplinas que eu leciono hoje.”
No início do curso as turmas eram compostas por um perfil um tanto quanto “misto”. Segundo Jacques Mikes, professor do curso entre 2001 a 2009, era comum ver turmas com profissionais que já atuavam no jornalismo e também com jovens que estavam iniciando a carreira.
“As turmas eram formadas por pessoas que já trabalhavam na área e que buscavam o diploma para validar a profissão, isso durou uns 4 anos. Só depois que começou a formar turmas com o perfil que vemos bastante hoje, ou seja, jovens que saíram do ensino médio para fazer faculdade”, explica.
Jacques relembra que na época, profissionais que atuavam como jornalistas nas cidades da região, como Jaraguá e São Bento do Sul, vinham para Joinville com o objetivo de ter a formação em Jornalismo.
Marília Crispi de Moraes, atual coordenadora do curso, tinha esse perfil. Marília, formada em Letras, já atuava na redação do jornal A Notícia.
A atual coordenadora e também egressa do curso de Jornalismo do Ielusc assumiu o cargo em 2020. Ela recorda com carinho quando prometeu ao antigo coordenador, Edelberto Beehs, o primeiro coordenador do curso, que se formaria e retornaria para dar aula no Ielusc.
As mudanças no curso
Marília relata que as mudanças do curso se voltam à forma como ele é praticado, ainda que os pilares e a função social se mantenham. “A essência do bom jornalismo continua sendo informar as pessoas. A função social do jornalista é primar pela informação de qualidade”, diz.
Algo que acompanhou as mudanças de mercado foi a matriz curricular. Enquanto as primeiras matrizes curriculares de jornalismo tinham disciplinas como Língua Portuguesa I, II e III e Redação Jornalística I, II, III e IV, a mais recente matriz traz a redação em disciplinas como Linguagem e Discurso, Escrita Jornalística e Reportagem.
O Radiojornalismo deu espaço para Narrativas Sonoras e o Fotojornalismo I e II se tornou Fotografia Digital, Roteirização e Iluminação Fotográficas e Fotorreportagem.
Mudanças no curso de Publicidade e Propaganda
Vinícios Neves é o atual coordenador do curso de Publicidade e Propaganda do Ielusc. Formado pela Universidade de Cruz Alta, o professor se manteve próximo da publicidade durante toda sua carreira. Em 2003 ele começou a dar aula na Faculdade Ielusc e assumiu a coordenação em 2013.
Vinicius relembra que na época em que começou a lecionar na faculdade, o investimento em internet na comunicação era pequeno e os conceitos na publicidade eram diferentes do que se entende hoje.
Segundo ele, a matriz curricular acompanhou as mudanças de forma atenta à transformação do mercado e até pensando a frente dele.
E assim como Jornalismo, as disciplinas mudaram no decorrer do tempo. Vinícios compartilha que hoje as matérias são vistas de forma mais ampla e conversam entre si, assim como, muitas deixaram de existir ou mudaram o foco.
Maurício José Melim, como estudante da Faculdade Ielusc, e hoje como professor, também nota muitas mudanças durante os 25 anos de curso, tanto na organização interna e no ambiente, quanto no avanço dos meios digitais. “Eu tenho a percepção que entre o curso que eu fiz lá atrás e o curso que nós temos hoje, o atual tem um dinamismo muito maior”, informa.
Segundo ele, devido haver uma quantidade maior de disciplinas nas grades atuais, os assuntos tratados durante o curso são muito mais amplos e flexíveis, principalmente pelo cenário cultural de hoje que tudo acontece de forma veloz. Nesse contexto, a Faculdade Ielusc consegue acompanhar essas mudanças e é capaz de introduzi-las nas grades curriculares.
As questões do tempo
Hoje, com o avanço da tecnologia e informações na palma da mão, o cenário e método de ensino se transformou. Valdete costumava indicar a leitura de livros, e agora, para adaptar os estudos à rotina dos estudantes, indica pequenos textos para compreensão.
Para ela, a noção do tempo mudou muito no perfil dos estudantes no decorrer das gerações. “Parece que o tempo tinha outro sentido na época. Hoje as pessoas querem tudo muito rápido, é uma questão do processo que nós temos hoje. Não é de responsabilidade dos alunos, mas as exigências do mercado fazem isso”, analisa.
Ela reforça que essas mudanças atingem a forma como os estudantes se fazem presentes dentro da sala de aula e ressalta a importância do conhecimento para formação de um cidadão.
“O que nós temos que fazer? Temos que entender essa relação, cativar da melhor maneira possível sempre encantando os estudantes para o conhecimento. Porque eu acho que o conhecimento é algo que realmente não dá para excluirmos da academia. Não podemos sair vazios de um curso, sem conseguir fazer a leitura do mundo”, compartilha a professora.