Conquistas e desafios: nova anos do Dia do Empreendedorismo Feminino
A data de comemoração, 19 de novembro, foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014.
Por Luis Felipe Marques
O empreendedorismo feminino pode ser entendido como os negócios idealizados ou administrados por mulheres. Esse movimento envolve tanto os empreendimentos fundados por elas como também a liderança feminina nas empresas, quando as mulheres ocupam cargos mais altos da hierarquia das organizações.
O Brasil foi classificado em 2020 como o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras, pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2020, realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade.
Luciana Carvalho, é uma empreendedora joinvilense, que se mantém com a confeitaria caseira. Ela começou com uma sociedade para dividir os gastos. “No começo tive muito medo de não conseguir clientes para gerar trabalho o suficiente e obter um salário fixo. Recebi um convite para formar uma sociedade, trabalhamos juntas e assim foi por 10 anos. O auge foi quando eu consegui tirar um salário fixo por mês. Depois decidimos encerrar a empresa, pois minha sócia não queria continuar.”
Trabalhando desde 2015 sozinha, data que a sociedade foi encerrada, ela revela algumas dificuldades que poderia ter por trabalhar sem ajuda. “Eu tenho carteira de habilitação, faço minhas próprias compras e entregas, mas acredito que deve ser bem difícil para as mulheres que não têm esse recurso.”
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, com dados do IBGE em 2022, aponta que as mulheres donas de seus próprios negócios ainda são 34% no Brasil. Isso resulta em mais de 10 milhões de mulheres donas de seus estabelecimentos. Quando comparamos com mais de 29 milhões de homens empreendedores, o número ainda é pequeno, porém essa é uma luta que ainda está em andamento.
Alice Pagno, é cabeleireira e já trabalhava na área de cabelos naturais antes de abrir o próprio estúdio. Logo quando iniciou já tinha clientes do outro emprego. “Eu descobri que tinha muitas clientes, já que muitas das meninas que eu atendia estavam atrás de mim, para descobrir onde eu estava. No início foi um desafio, eu estava bem insegura, pela questão da pandemia, por ser uma mudança e não ter a estabilidade, mas foi bem bacana.”
Para Alice a maior dificuldade de ser uma empreendedora é separar a vida pessoal da profissional, já que trabalha de domingo a domingo, e mesmo fora do estúdio ainda estava pensando no trabalho. “Como a minha empresa ainda depende muito de mim pra funcionar, esse é o maior desafio. Hoje em dia está muito melhor, tenho mais pessoas na equipe, então consigo delegar funções. Essa parte de dividir as funções também é uma dificuldade enorme, já que queremos que fique tudo sempre do nosso jeitinho, então confiar em outras pessoas é muito difícil, mas com o tempo você percebe que é o melhor para não sobrecarregar.”
“A mulher por si só, já vem com a função que a sociedade coloca de cuidar do lar, do marido e filhos. Então quando a gente decide ser empreendedora também, além de todos esses cuidados, ainda assumimos mais uma função. Não são todas que tem a sorte de ter uma família em parceria que ajude as coisas a funcionarem, e sei que por meu marido me auxiliar é um privilégio que nem toda mulher tem. Já é difícil cuidar de uma empresa sozinha, e ainda ter que cuidar de tudo isso junto com certeza é bem difícil. O que não é algo que homem precise se preocupar, pois saem do trabalho pra casa e já está tudo certo. Tem as exceções que tem a parceria com a esposa, com o tempo estamos desconstruindo para tornar isso mais comum, porém ainda há muito o que evoluir”, relata Alice.
O boletim de 2023 do Sebrae sobre empreendedorismo feminino mostra que as horas trabalhadas pelas mulheres na América Latina são cerca de três vezes maiores que as horas dedicadas pelos homens. Quando chegamos no Brasil, as horas remuneradas e não remuneradas que são exercidas pelos homens são de 49,7 semanais, enquanto a das mulheres chegam a 53,3.