O Samba de Joinville pertence a ela, Clara Costa
Por Fagner Ramos
Quando decidi fazer o quinto e último episódio do podcast Som ao Redor, o mais brasileiro dos estilos não poderia ficar de fora. Esse estilo é o Samba, e na cidade de Joinville, pertence a ela, Clara Costa.
Ana Clara, mais popularmente conhecida como Clara Costa, é acreana, mãe de dois filhos, instrumentista, influencer, consultora de moda, sambista, pagodeira, compositora, mulher, guerreira, carismática e dona de uma voz arrebatadora. Predicados que cabem muito bem a ela, e se você ouvir o podcast, outros mais aparecerão.
Logo no começo da conversa, pergunto. Lugar de mulher é no pagode? Ela me responde na lata. Com certeza, lugar de mulher é onde ela quiser! A pergunta faz alusão a um dos seus muitos projetos no samba, e sua resposta, denota a firmeza de uma mulher que sabe o que quer e onde quer chegar.
Falamos um pouco de sua história de vida, machismo no mundo do samba — machismo esse que algumas vezes é reverberado por outras mulheres segundo ela —, sobre processo de composição, da pressão de ter que estar sempre presente nas redes sociais e como isso implica na composição e até na contratação de shows, de se aventurar por outros estilos e muito mais.
Não darei maiores detalhes de nosso papo, pois quero que você vá até o episódio e sinta o peso das respostas de Clara. Mas sua história é o reflexo de lutas e desafios que mulheres em todo o Brasil passam.
Clara Costa do Brasil
Clara é filha de pais enraizados de alguma forma na música. Seu pai foi radialista no Acre e sua mãe, tios e tias, estavam envoltos na música. Não poderia ser diferente, como boa nordestina, arte, música e coragem estão no seu DNA e daquela população.
Entre alguns obstáculos, em Santa Catarina, voltou a se encontrar com a música. Mudou para Joinville e conheceu artistas locais que a inspiraram a entrar no samba. Aqui criou os projetos, Lugar de Mulher é no Pagode, Amor e Samba, se juntou com outras mulheres sambistas de fora para o projeto Pagode das Brabas, gravou um DVD que ainda será lançado e virou referência na cidade.
Ela mesmo fala que, em Joinville, seu público se faz presente, mas está ciente que o eixo Rio-São Paulo será necessário para alavancar novos projetos e realizar sonhos, e em um futuro breve, esta mudança irá ocorrer. Atualmente já faz um intercâmbio Santos-Joinville para apresentações junto a uma de suas parceiras, Rafa Laranja.
Indo mais além, Clara está constantemente no reduto do samba, Rio de Janeiro, participando de apresentações e cantando e compondo com nada mais nada menos, do que Xande de Pilares. Ela nos conta como isso aconteceu, e como essa aproximação pode vir a dar frutos.
O mundo pertence às mulheres, e o samba de hoje carece ainda de uma maior representatividade feminina. Braba que é, Clara logo se juntará a Clementina de Jesus, Beth Carvalho, Leci Brandão, Eliana de Lima, Ludmilla, e tantas outras. O futuro é logo ali para Clara Costa.