Dia Mundial da Adoção reforça debate em Joinville
Grupo de apoio em Joinville oferece assistência para famílias que desejam receber crianças e adolescentes
Henrique Duarte
No Dia Mundial da Adoção, comemorado em 9 de novembro, o Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Joinville (GEAAJ) reforça o trabalho de conscientização e apoio contínuo às famílias cadastradas. Com 25 anos de atuação, a entidade atua para desmistificar o processo legal, combatendo preconceitos e oferecendo suporte a quem deseja abrir seu lar para crianças e adolescentes.
No Brasil, o processo é rigoroso, com diversas etapas que visam assegurar o bem-estar da criança e preparar os pais. Em Joinville, Fernando Pires, presidente do GEAAJ, afirma que a situação é semelhante à de outras cidades, com uma burocracia necessária para garantir a proteção das crianças e a responsabilidade das famílias. “Cada etapa, desde a habilitação até o acompanhamento psicológico e social, é pensada para que a perfilhação ocorra de forma segura e responsável”, explica Fernando.
Apesar de mais de 420 famílias estarem habilitadas na cidade, crianças fora do perfil desejado ainda enfrentam desafios. A maioria dos pretendentes busca crianças pequenas, de até sete anos, especialmente bebês. No entanto, a realidade do sistema revela que a demanda por crianças mais velhas e adolescentes é menor, o que resulta em um número significativo de jovens que ficam mais tempo em abrigos, esperando por uma família.
Para o GEAAJ, um dos maiores obstáculos é a desconstrução de preconceitos, especialmente no que diz respeito às crianças mais velhas e adolescentes, bem como aquelas com necessidades especiais. Fernando Pires enfatiza que o acolhimento deve ser visto como um processo consciente de formação de vínculos, e não como um simples ato de caridade. “Queremos que a sociedade entenda que adoção é uma escolha de amor, não de piedade. Precisamos mudar a percepção de que é mais fácil adotar bebês do que crianças mais velhas”, destaca.
Um exemplo é a história do advogado João Carlos Pedri, pai não biológico de Tiago, de 14 anos. João compartilha que a ajuda recebida foi essencial para a adaptação de sua família. “Aos poucos, fomos compreendendo que acolher um adolescente exige muito mais paciência e abertura para entender o passado da criança. O apoio de profissionais foi fundamental para que nossa relação se estabelecesse de maneira saudável e positiva”, relata.
Além das reuniões de orientação e palestras educativas abertas ao público, o GEAAJ tem se empenhado em sensibilizar a comunidade sobre a importância da adoção de crianças mais velhas e com necessidades especiais. As ações buscam não apenas desmistificar o processo, mas também criar uma nova perspectiva sobre o termo, destacando que crianças de todas as idades podem ser acolhidas com amor.
GEAAJ apoia famílias durante adaptação das crianças
O GEAAJ também oferece apoio contínuo às famílias durante o processo de amparo, com eventos de integração que ajudam na adaptação das novas estruturas familiares. Para Fernando, a preparação das famílias é essencial para garantir que estejam bem estruturadas e conscientes das responsabilidades envolvidas. “Queremos que esses lares estejam preparados para acolher e compreender as particularidades de cada criança”, afirma o presidente do GEAAJ.
Uma das ações mais importantes do GEAAJ é a realização de encontros em grupo, quando famílias podem compartilhar suas vivências, desafios e aprendizados. Esses momentos de troca fortalecem a rede de apoio e ajudam os pais a se sentirem acolhidos em um ambiente onde todos enfrentam os mesmos desafios.
A psicóloga Luisa Dotto, especializada em terapia familiar, destaca a importância de programas como os realizados pelo GEAAJ para a preparação emocional das famílias. “Esses programas são fundamentais, pois preparam os pais para os desafios emocionais e comportamentais que podem surgir durante o processo de. A troca de experiências e a orientação psicológica são essenciais para criar vínculos saudáveis e ajudar tanto os pais quanto as crianças a lidarem com as questões do passado e as expectativas do futuro”, afirma a especialista.
Em um cenário em que a adoção enfrenta mitos e desinformação, o GEAAJ realiza campanhas periódicas nas redes sociais e promove eventos comunitários com o objetivo de aproximar a população da realidade das crianças e adolescentes que aguardam por um lar. O GEAAJ garante que mais crianças e adolescentes encontrem lares amorosos, preparados para recebê-los e oferecer um futuro digno e cheio de possibilidades. As famílias interessadas podem encontrar apoio e informações com o grupo, que conta com uma equipe preparada para orientar e esclarecer dúvidas sobre o processo.