
Jornalista joinvilense organiza vaquinha para representar o Brasil em congresso científico internacional
Pesquisadora terá trabalho apresentado na Universidade de Birmingham e busca apoio para custear viagem ao Reino Unido
Por Camila Schatzmann Gomes
Katherine Funke, egressa da turma de 2002 do curso de Jornalismo e vencedora do prêmio Ielusc – categoria Produção Editorial em 2023, lançou uma vaquinha virtual para viabilizar sua participação na Katherine Mansfield Conference, onde apresentará seu trabalho de pós-doutorado. O evento será realizado de 1º a 3 de julho na Universidade de Birmingham, no Reino Unido. A iniciativa surgiu após a pesquisadora ter sua candidatura a uma bolsa de mobilidade artística frustrada pela suspensão do cronograma federal. “Soube que o trabalho foi aceito em janeiro e imediatamente me candidatei a uma bolsa Funarte de Mobilidade Artística para custear a viagem. Contudo, por questões do orçamento federal, essa bolsa está com o cronograma suspenso no momento”, conta. “Comecei a ficar triste, mas não é da minha natureza desistir fácil. Procurando uma solução, lembrei que vez em quando dou o meu apoio a campanhas de financiamento coletivo. Então, pensei com meus botões: e por que não para ir a um congresso científico?”
Atualmente a egressa atua como jornalista freelancer, editora de livros, tradutora, curadora de eventos e pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua pesquisa atual se debruça sobre um aspecto pouco explorado da obra de Katherine Mansfield (1888–1923): as resenhas literárias escritas pela autora, que até hoje permanecem inéditas no Brasil. “Traduzir essas críticas é como ler junto com Mansfield grandes nomes da literatura como Virginia Woolf, Gertrude Stein e Dostoiévski”, comenta a pesquisadora, que fundou, junto a outros estudiosos, o Grupo Latino-Americano de Estudos em Katherine Mansfield.
O convite para apresentar sua comunicação no evento surgiu após a aceitação de seu trabalho “Dalton Trevisan: um lugar para Katherine Mansfield no Brasil”, fruto de sua tese de doutorado, defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. No trabalho, Katherine mapeia ao menos treze aparições da escritora na obra de Trevisan, em livros, jornais e revistas publicados entre 1947 e 2023. Também investiga como outros autores brasileiros, como Clarice Lispector e Ana Cristina César, se relacionaram com Mansfield. “Quando participo de congressos online também é muito rico, com a vantagem de ter uma logística mais tranquila. Mas estar pessoalmente com pesquisadores que venho lendo, citando e ouvindo há tantos anos será emocionante”.

Desafios enfrentados
Apesar da conquista, a participação no congresso não conta com nenhum tipo de financiamento institucional. “Quando se trabalha com algo que exige tempo e dedicação, mas sem remuneração pelas horas investidas, é preciso muita disciplina”, explica Katherine, sobre os desafios de estudar sem bolsa de estudos. “Mas eu não reclamo. Já sabia, desde o início, que não teria financiamento. Ainda assim, decidi seguir adiante, porque é isso que me dá prazer de viver e perspectiva de futuro profissional.”

Após a suspensão do cronograma da bolsa Funarte, com a aproximação da data do congresso e o aumento dos preços das passagens, Katherine decidiu lançar a campanha. “Escolhi a plataforma da Vakinha porque não é o tipo de financiamento coletivo que exige recompensas aos apoiadores”, explica. “Infelizmente, desta vez não havia tempo hábil para pensar em brindes ou presentes. Eu apenas precisava comprar a passagem com urgência, antes que ficasse impossível de tão cara.”
A repercussão tem sido positiva: com o apoio de amigos, colegas e antigos professores, que vêm contribuindo e ajudando na divulgação da campanha, a jornalista já arrecadou R$ 7.483,87 dos R$ 18 mil necessários. Katherine também já obteve autorização para entrar no Reino Unido e comprou a passagem para passar cinco dias em Birmingham, com saída e retorno por Curitiba.
Contudo, a meta da campanha ainda não foi completamente alcançada. Faltam recursos para cobrir despesas com alimentação, hospedagem, taxas do evento e os custos exigidos para entrada no país.
“Espero poder sempre ajudar projetos de pessoas como eu, que não desistem dos seus sonhos por acreditarem neles com todas as forças”, afirma. “Mesmo que seja com um pouquinho. Cada doação faz diferença.”
A princípio, a vaquinha segue ativa até o dia 15 de maio, entrando agora em sua reta final. Quem quiser apoiar e ajudar Katherine a alcançar seu objetivo pode contribuir com qualquer valor pelo link: https://www.vakinha.com.br/5439197.