
Thunderbolts* – Às vezes, menos é mais!*
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Thunderbolts* é um filme que não possui personagens famosos como Capitão América e Homem-Aranha em seu elenco. Na verdade, o estúdio parece ter reunido os personagens mais “mequetrefes” de seu universo em um único filme. Surpreendentemente, após diversas produções duvidosas, o longa consegue se provar como uma ótima opção de entretenimento, sendo um passo na direção certa da Marvel Studios para restabelecer a confiança do público.
A proposta de Thunderbolts* por si só não é muito original. A ideia de colocar personagens disfuncionais, com um compasso moral duvidoso, para realizarem uma missão impossível já foi vista diversas vezes. O grande diferencial, desta vez, é a maneira como a história é contada – utilizando-se de uma boa dose de humor auto indulgente e de uma crítica ao próprio gênero de heróis como motores para sua aventura.
Tematicamente, Thunderbolts* aborda temas voltados para a saúde mental a fim de cativar seu público. Rotinas exaustivas, falta de reconhecimento, saudosismo e o profundo vazio existente em cada um de nós são alguns dos principais tópicos que o longa busca explorar – enriquecendo um roteiro recheado de ação e momentos divertidos.
A direção entende que o elenco, embora talentoso, ainda não se provou para o grande público – ao menos não interpretando personagens da “liga C” da Marvel. Assim, o filme busca tirar vantagem do carisma dos intérpretes, além das inventivas cenas de ação, para dar ritmo à narrativa – aprofundando-se na psicologia de personagens que antes mal passavam de arquétipos. E, ainda que não haja o mesmo nível de desenvolvimento para todos, o crescimento do grupo, embora clichê, serve muito bem à história.
No campo das atuações, Florence Pugh finalmente parece ter encontrado o tom ideal para Yelena Belova, aproveitando o bom roteiro e o protagonismo de sua personagem para entregar uma performance multifacetada e cativante – conseguindo, na humilde opinião deste crítico, preencher o espaço deixado por Scarlett Johansson. Lewis Pullman também ganha destaque com um personagem comicamente perdido – ainda que haja espaço para ele se desenvolver mais como Bob, ele é uma boa surpresa positiva durante o longa. Em relação ao restante do elenco, David Harbour parece estar se divertindo com seu personagem, embora entregue mais do mesmo já visto em Viúva Negra. Sebastian Stan já está mais do que acostumado a interpretar Bucky Barnes – mas aqui protagoniza uma das melhores cenas de ação com seu personagem desde Capitão América: O Soldado Invernal.
Outro aspecto agradável em Thunderbolts* é a integração entre efeitos especiais, coreografias e efeitos práticos, tornando perceptível o cuidado aos detalhes na concepção visual do longa. Planos longos durante as lutas, ângulos inventivos e ousados são apenas alguns dos triunfos de Jake Schreier na cadeira de direção. É um tremendo alívio ver um filme de heróis que não abusa de tela verde para a composição de absolutamente todos os cenários!
Portanto, não apenas recomendo muito que Thunderbolts* seja visto nos cinemas, como também reconheço que é uma grata surpresa no calendário hollywoodiano de 2025, mostrando, novamente, o poder de bons contadores de histórias independente dos personagens a eles disponibilizados.

Créditos da Imagem: Marvel Studios