
Cantor radicado em Joinville lança nova canção intitulada “Purmamarca”
Composição surgiu através de experiências vividas em viagem a cidade andina na Argentina
Por Camila Schatzmann
Após quase dois anos desde seu último trabalho, Edwin de Paula retorna com um novo lançamento: “Purmamarca”. A música surgiu a partir de uma viagem à Argentina. O artista conta que, após uma longa jornada subindo a cordilheira em uma kombi azul, ao lado de amigos, rumo a uma pequena cidade no norte do país, não fazia ideia do que encontraria. No entanto, no dia seguinte, ao acordar e olhar para fora, deparou-se com uma montanha de “mil cores” que parecia uma miragem e aquela imagem o emocionou profundamente.
“Essa canção nasceu numa noite andina, quando cheguei a uma cidadezinha no norte da Argentina sem saber o que me esperava”, relata o cantor catarinense. “Dormi e, ao acordar, vi uma montanha colorida que parecia uma miragem. Foi uma experiência mágica – de beleza e acolhimento – que virou música.” Edwin também compartilha que, em “Purmamarca”, canta sobre as pessoas, paisagens e memórias que pôde conhecer e viver durante sua estadia na cidade.
O cantor se apresentará no Instituto Internacional Juarez Machado, no dia 17 de maio, com o show voz e piano, durante a abertura da exposição “Campo de forças: corpo, linha e mancha”, do artista Jean Smekatz. A abertura do evento será às 11 horas, com ingressos no valor de R$10 com possibilidade de meia-entrada.
Quem é Edwin de Paula
Nascido em Florianópolis, mas morando em Joinville há 10 anos, Edwin, aos 30 anos, é professor de inglês na rede pública de ensino e artista atuante na cena local. Em suas produções musicais, é ele quem compõe, produz e desenvolve as imagens, vídeos e capas. “A música chegou a mim para me fazer companhia quando me vi solitário. Quando comecei a compor, percebi que criar canções era como abrir janelas dentro de mim.”
Além de seu mais recente lançamento, Edwin tem outros trabalhos autorais, como “Orbis”, que marcou o início de sua trajetória artística – um EP matemático, circular e repleto de experimentações sonoras e “Telecorsa” um disco mais ousado, que mistura o eletrônico e o retrô, refletindo temas como a dificuldade de se comunicar e dilemas existenciais. O álbum também apresenta um personagem visual inspirado em um missionário mórmon, simbolizando expectativas que outros tinham sobre Edwin: “Era algo que esperavam de mim, mas que eu recusei para seguir meu próprio caminho.”
Musicalmente, Edwin explora um universo híbrido. Seu estilo combina elementos do folk e da música eletrônica, mas não se limita a esses gêneros. Suas composições também são marcadas por influências da música latino-americana, das paisagens naturais, de fatos científicos, do groove, da poesia e da experimentação. “Gosto de dizer que é música de estrada, feita para viajar por dentro e por fora”, define.
Ser artista em Joinville
A maior cidade do estado é amplamente conhecida por suas iniciativas institucionais — como o Festival de Dança, o maior do mundo em número de participantes. No entanto, para além dessas grandes estruturas, existe uma cena artística independente pulsante, formada por artistas visuais, músicos, performers e produtores culturais que constroem espaços e resistências diariamente na cidade.
Apesar da vitalidade criativa, muitos desses artistas que atuam de forma autônoma ainda enfrentam desafios significativos, como a escassez de editais locais, a falta de visibilidade e as dificuldades de acesso a meios de produção e circulação de seus trabalhos.
Para Edwin, que vivencia essa realidade como artista e educador, há tanto beleza quanto obstáculos neste percurso. “É bonito e difícil. A cidade tem artistas incríveis, mas a cena ainda luta por espaço e apoio. Já me senti invisível aqui, mas também encontrei pessoas que me deram força. É um lugar onde ser artista exige resistência — e isso me moldou.”
O artista deseja continuar levando suas músicas a novos lugares e novos públicos, mantendo viva a troca que a arte possibilita. “Quero continuar viajando com minhas canções. Tanto geograficamente quanto espiritualmente. Meu desejo é que minha música encontre pessoas nos seus próprios caminhos e diga: você não está só. E que eu siga aprendendo, sempre.”