
A voz que toca corações: a trajetória inspiradora de Camila Xavier no rádio e na vida
Por Anna Bibow e Camille Loffler
A gargalhada solta e o olhar vibrante de Camila Xavier, conhecida como Cacá e Camilinha, pelos próximos, revelam mais que simpatia — traduzem a alma de uma comunicadora nata. Aos 10 anos, em um show de talentos no shopping de sua cidade natal, Joinville, ela dublou uma música, desfilou, venceu, e teve seu momento eternizado por uma antiga filmadora VHS de seu pai. “Ali nasceu minha paixão por música, por palco, por me expressar”, recorda-se, com brilho nos olhos.
Na infância, o cenário era bem diferente da era digital que hoje domina os meios de comunicação. “Brincávamos na rua até tarde, eu adorava andar de bicicleta e roller. Foi uma infância sem tecnologia, mas cheia de vivências reais”, conta. A espontaneidade da menina moleca encantava, mas foi a mãe quem decidiu colocá-la em um curso de modelo, com o intuito de ensiná-la a andar de salto e ser mais feminina. “Obrigada, mãe, me ajudou muito”, diz aos risos, reconhecendo que aquele passo foi crucial para o início de sua carreira.
Durante uma sessão de fotos para uma revista local, surgiu a oportunidade de dar voz a um comercial de rádio. O convite veio de forma inesperada, mas Cacá topou. “Gravei na Transamérica, hoje Jovem Pan, e na semana seguinte os clientes já pediam minha voz. Foi o rádio que me encontrou”, afirma. Era o começo de uma jornada que, 14 anos depois, segue firme e apaixonada.Em 2010, veio o primeiro grande desafio profissional: integrar a equipe da Rádio Atlântida Joinville 104.3FM. Lá, além do microfone, Camila se aventurou nas redes sociais, no jornal impresso e na televisão. “Escrevia a coluna ‘Papo Atlântida’, gravava para o Jornal do Almoço e ainda tocava o programa Hashtag ATL. Foi minha verdadeira escola multimídia”, relembra com orgulho.
Mas nem tudo foi fácil. Camila enfrentou desafios profundos, especialmente por ser mulher em um meio predominantemente masculino. “Já trabalhei numa rádio onde eu era a única voz feminina. Sofri assédio moral, abuso de poder e machismo. Não foi fácil, mas tudo virou aprendizado”, relata, com firmeza na voz e postura ereta, demonstrando a força conquistada com o tempo.
Ela reconhece que a presença feminina no rádio evoluiu, mas ainda há barreiras. “Hoje temos mais vozes femininas, mas ainda falta apoio mútuo. Precisamos nos fortalecer como rede”, opina. Para ela, ser comunicadora é mais que profissão — é missão. “Já recebi mensagens de ouvintes dizendo que só conseguiam levantar da cama após nos ouvir. Isso não tem preço.”

Com 24 anos de trajetória e 37 anos de idade — dos freelas aos programas ao vivo — Camila hoje une sua paixão pelo rádio ao marketing digital. “Já planejei demais. Agora entrego nas mãos de Deus. Ele sabe o que faz.” Seu maior sonho? “Ter minha própria rádio. Com um time de comunicadores apaixonados, vivendo em harmonia. Sonhos são possíveis”, diz, com a certeza de quem já transformou muitos em realidade.
A comunicação pode mudar vidas, e Cacá Xavier é prova viva disso. Com sua voz, ela conecta, inspira e transforma. E, enquanto houver som no dial em 100,7 pelas manhãs do Bom dia Joinville na rádio NDFM, sua mensagem seguirá ecoando.