
A vida em segundos
Por Priscila Pereira
Entre coragem e hesitação, cada decisão pode mudar o rumo da existência.
Às vezes a vida se resume a segundos. Aquele instante em que o coração dispara e a cabeça tenta frear. O corpo pede um passo à frente, mas a mente lembra das quedas passadas. Então, hesitamos. E é nessa brecha mínima e invisível, que se perde uma chance que talvez nunca volte.
Não é falta de querer. É excesso de cálculo. A gente pesa riscos como se a balança pudesse medir o imponderável. O problema é que a vida não espera a equação fechar: ela simplesmente passa. E quando percebemos, o instante já se dissolveu na linha do tempo, como gota no mar.
O arrependimento nasce justamente aí, no reflexo tardio. No “podia ter sido”, no “se eu tivesse tentado”. E ele pesa mais que o erro, porque o erro ao menos nos dá história, cicatriz, aprendizado. O não vivido não deixa nada, apenas um vazio que ecoa.
É curioso como só enxergamos a grandeza das oportunidades quando já não cabem mais em nossas mãos. Na hora, parecem pequenas, banais, até perigosas demais. Depois, descobrimos que eram a própria plenitude escondida, o brilho do sol refletido na água, que a pressa nos cegou.
No fundo, talvez a existência seja isso: navegar entre coragem e medo, sabendo que cada decisão pode ser a última chance de tocar o que chamamos de sonho. E é nesse mergulho profundo, onde a nostalgia e o risco se encontram que descobrimos a face mais verdadeira de nós mesmos.