Juventude católica retoma protagonismo nas paróquias
Presença juvenil ganha novo fôlego. Engajamento vem acompanhado de uma consciência mais profunda sobre fé
Por Adryan Dal Negro
Em Joinville, a fé e o entusiasmo da juventude católica voltam a pulsar com força. Depois do silêncio das igrejas durante a pandemia, a presença juvenil ganha novo fôlego nas paróquias. O engajamento vem acompanhado de uma consciência mais profunda sobre fé, identidade e pertencimento. Os anos de isolamento provocaram o fechamento de muitos grupos e o enfraquecimento das atividades paroquiais.
Hoje, o cenário é outro. As comunidades voltam a se reorganizar, e as missas voltadas à juventude reúnem multidões. No Santuário Sagrado Coração de Jesus, as celebrações mensais chegam a atrair mais de 1.500 pessoas em uma única noite. Para o diácono Sandro Quintino, o impacto da pandemia foi superado por um despertar espiritual. “A era digital trouxe mais informação e também uma busca mais consciente pela fé. O jovem de hoje não vai à missa por obrigação, mas porque deseja um encontro pessoal com Deus”.
Essa autonomia se reflete no engajamento crescente nas pastorais e grupos de oração. A Igreja deixa de ser apenas um espaço de frequência e passa a ser um ambiente de convivência, acolhimento e escuta. Para muitos jovens, o envolvimento vai além da liturgia: é uma escolha de vida que se expressa em gestos de solidariedade, iniciativas culturais e missões sociais.
Entre esses jovens está Thales Torres, de 18 anos, participante do grupo de jovens JEPS, que vive essa grande transformação de perto. “O JEPS é uma família. É o lugar onde realmente encontro paz, força e pessoas que caminham comigo em todos os momentos”, conta. O jovem participa ativamente dos encontros, ações solidárias e celebrações organizadas pelo grupo, e diz que a convivência o ajudou a amadurecer na fé e na vida. “Ali, a gente entende que viver a fé não é algo distante, mas algo que se constrói junto, no dia a dia, com gestos simples e sinceros. O JEPS é, sem dúvida, um dos maiores presentes que recebi”.
Essa vivência mais livre e conectada com o mundo contemporâneo também se manifesta fora dos muros da igreja. Nas redes sociais, essa presença se faz notar de forma vibrante. As páginas e perfis católicos se multiplicam, divulgando mensagens, eventos e testemunhos. A fé, antes restrita ao ambiente da paróquia, ganha visibilidade digital, aproximando ainda mais os jovens entre si. “Hoje há uma geração que quer viver a fé com autenticidade, sem medo de mostrar quem é e no que acredita”, resume.
Jovens vivem a fé com autenticidade
Ser jovem e católico em 2025 significa viver a fé com coragem e presença. A nova geração assume sua crença sem receio de expor símbolos ou palavras de fé. Camisetas com frases cristãs, terços no pulso e publicações nas redes sociais fazem parte de uma identidade que mistura convicção e estilo. Essa atitude se fortalece em grupos e movimentos que unem espiritualidade e convivência. Na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o grupo de jovens JEPS reúne participantes todos os sábados.
As reuniões combinam oração, música, partilha e reflexão sobre temas do cotidiano.“A gente procura ser real. O jovem pode ser quem ele é, sem fingir nada. Falamos sobre futuro, desafios, relacionamentos e sempre trazemos a fé para dentro dessas conversas”, explica o coordenador do grupo de jovens Airton Magalhães Junior (21). Para ele, o que atrai tantos jovens é a autenticidade das experiências. “Vivemos em um tempo em que tudo muda muito rápido, e muitos se sentem perdidos. Quando encontram na Igreja um espaço de acolhimento e propósito, querem ficar”.

O padre Rodrigo Bento define o momento como um verdadeiro avivamento espiritual. Missas que atravessam a madrugada, encontros lotados e uma linguagem próxima revelam que é possível ser alegre, moderno e, ao mesmo tempo, profundamente católico. “O conteúdo de fé tem respondido a um vazio que o materialismo não preenche”, diz. Um movimento que reacende o coração da juventude e reafirma a vitalidade da Igreja. Uma geração que vive a fé com coragem: reza, canta, partilha e atua. Na comunidade encontram amizade, sentido e esperança para transformar o mundo.
