Produções nota máxima destacam a última noite de bancas do Jornalismo Ielusc
Projetos abordaram educação, envelhecimento, fé e saúde na etapa final das bancas de 2025.
Por Camila Schatzmann Gomes
A etapa final das bancas de TCC de 2025 concluiu a formação dos novos jornalistas da Faculdade Ielusc. Em uma noite diversa e sensível, os trabalhos apresentados mostraram maturidade, impacto social e compromisso com pautas que dialogam diretamente com a realidade contemporânea. Temas como ataques à educação, etarismo, pluralidade religiosa e jornalismo de saúde marcaram as apresentações finais.
No limite da Cátedra: O pânico moral
Nota: 10
Orientadora: Dra. Anna de Carvalho

A primeira banca da noite avaliou o documentário jornalístico de Dyeimine Senn, que investiga perseguições políticas e ideológicas contra professores da educação básica e superior em Santa Catarina. A partir da pergunta norteadora: quais são os motivos que causam violência contra professores? O curta-metragem reúne depoimentos, registros e análises de contexto. Embora quatro entrevistas componham o produto final, a pesquisa envolveu a escuta de dez fontes, entre docentes, parlamentares, liderança sindical, um advogado e um pesquisador, com protagonismo dado ao professor de Artes e Teatro Andrei Pereira Dorneles.
O curta integra uma investigação em andamento e prevê continuidade de produção e estratégias de divulgação após sua finalização. A banca, composta pela Dra. Anna Carvalho, pela coordenadora do curso Dra. Marília Crispi e pelo professor e Dr. Hendryo André, destacou a maturidade narrativa e a consistência do recorte. Para Marília, a decisão de centralizar a história no professor garantiu “um fio condutor da narrativa que é muito legal e muito difícil de conseguir”, reforçando ainda que Dyeimine mantém “esse olhar crítico e essa garra de mostrar as injustiças, desde o início da faculdade”.
Retratos do tempo: a beleza pelo olhar de quem já viu muito
Nota: 10
Orientadora: Dra. Anna de Carvalho

O segundo trabalho da noite destacou o papel social do jornalismo e a potência de ouvir quem, muitas vezes, vive à margem das narrativas tradicionais. Em “Retratos do tempo”, Ana Clara Pinto apresentou uma exposição fotográfica que discute o etarismo e propõe novas formas de olhar para a velhice feminina, a partir de ensaios colaborativos com as moradoras do lar de idosas Vila Vicentina, em Joinville.
A escolha do tema une motivação pessoal e compromisso jornalístico. Ana já tinha uma relação com a instituição desde 2014, iniciada na catequese e retomada durante a graduação. Esse reencontro alimentou o desejo de produzir um projeto de jornalismo comunitário com foco em envelhecimento e questões de gênero.
A banca, composta pela orientadora do projeto, Dra. Anna Carvalho, pelo Mestre Jonas Porto e pela Dra. Georgia Santos, destacou a sensibilidade e a escuta presentes ao longo do trabalho. Jonas ressaltou que a escuta realizada pela acadêmica junto às participantes se tornou o eixo principal do projeto. Georgia complementou afirmando que o projeto “tem uma sensibilidade rara e resgata uma humanidade importante ao olhar para essa etapa da vida”.
A acadêmica resume o propósito do trabalho de forma simples e direta: “No final, é sobre isso, fazer a diferença na vida das pessoas.”
Sob o Mesmo Céu: diferentes caminhos da fé no Rio Grande do Sul
Nota: 10
Orientadora: Dra. Georgia dos Santos

A pluralidade religiosa do Rio Grande do Sul ganhou destaque no projeto audiovisual de Hayana Donati Ribas. A série documental explora como diferentes tradições (católicas, evangélicas, afro-brasileiras, indígenas, espíritas e não religiosas) coexistem e influenciam a identidade cultural gaúcha.
Hayana destacou que o objetivo era representar seu estado de origem e romper estereótipos simplificados sobre a cultura gaúcha. O nome “Sob o Mesmo Céu” sintetiza a ideia de união e diversidade espiritual: apesar dos caminhos distintos, todos compartilham o mesmo território.
Com 11 entrevistas, cinco episódios, dois trailers e visitas a três cidades, o trabalho reforça o potencial do audiovisual para aproximar o público das vivências religiosas.
A banca, composta pela Dra. Georgia Santos, pela Dra. Anna Carvalho e pelo Dr. Hendryo André, destacou a relevância do recorte e o sólido embasamento teórico da pesquisa. Durante a devolutiva, Anna Carvalho pontuou que, “quando falamos de religião no Brasil, falamos também da nossa história social, cultural e política”, enfatizando que o trabalho se apoia em um recorte fundamentado na diversidade.
“Morango do amor ou do ódio?”: uma análise das publicações sobre alimentação e nutrição no Instagram do jornal O Globo
Nota: 10
Orientadora: Dra. Maiara Maduro

Encerrando a noite, Maria Helena Kafeld apresentou uma análise sobre o jornalismo de saúde no Instagram do O Globo, investigando se o veículo reforça ou combate discursos sensacionalistas relacionados à alimentação e nutrição.
Movida por interesse pessoal e preocupação com o crescimento de mensagens alarmistas nas redes, Maria desenvolveu uma pesquisa qualitativa baseada em análise de conteúdo. Entre 1º de junho e 1º de setembro de 2025, ela examinou publicações observando categorias como manchetes, imagens, padrões discursivos, legendas e clickbait.
O estudo reforça a importância do jornalismo responsável em temas de saúde pública, demonstrando a necessidade de rigor e clareza na comunicação voltada ao grande público.
A banca do projeto contou com a participação da Dra. Maiara Maduro e Dra. Marília Crispi também com o Mestre em Ciências da Comunicação Mauricio Melim. O trabalho foi aprovado com nota máxima.
