Cidade recebe nova frota de ônibus
Joinville terá 18 novos ônibus modernos em 2026 via programa federal Novo PAC e exigências da nova licitação do Simob
Por Priscila Pereira
A Prefeitura de Joinville prevê a renovação da frota do transporte coletivo a partir de 2026, com a incorporação de 18 novos veículos por meio do programa federal Novo PAC. O financiamento será utilizado pelas empresas Gidion e Transtusa e integra as exigências da nova licitação do Sistema de Mobilidade de Joinville (Simob).
Atualmente, a frota da cidade possui idade média de 5,03 anos, enquanto o novo contrato estabelece o limite máximo de cinco anos. O plano de modernização prioriza veículos com ar-condicionado, maior acessibilidade, sistema de bilhetagem eletrônica e monitoramento por GPS, recurso essencial para informar o usuário sobre a localização dos ônibus e o controle da operação. Os novos veículos também deverão cumprir rigorosos padrões de emissão de poluentes, visando maior sustentabilidade ambiental. A transição, no entanto, depende da publicação do edital, cuja minuta segue em análise pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), além da posterior contratação.
No entanto, para quem utiliza o transporte coletivo diariamente, a chegada de ônibus novos não resolve o principal problema percebido pelos passageiros: a longa espera nos pontos. Ivo Firmino Junior, 36, operador de injetora, afirma que “o que pesa é o tempo de espera”. Para ele, a renovação melhora o conforto, mas não corrige falhas estruturais. “Isso não resolve horários nem a quantidade de ônibus, porque o maior problema está na frequência”, relata.
A percepção reforça a necessidade de um planejamento mais eficiente das rotas, especialmente nos horários de pico e nas zonas industriais, onde a demanda é maior. Embora a licitação imponha padrões técnicos elevados aos veículos, o documento em consulta pública não apresenta garantias claras sobre a ampliação da oferta nem sobre uma reestruturação completa da rede de linhas, fatores que poderiam, de fato, reduzir o tempo de espera.
A desconfiança dos usuários aparece também no relato da autônoma Ana Maria de Caires, 34, que enfrenta atrasos e superlotação. “Pra mim, o principal é o ônibus passar no horário e não ir lotado. Ninguém aguenta ficar esperando muito e ainda viajar apertado”, afirma Ana Maria.
Pontos irregulares
Embora a minuta do edital do Simob concentre esforços na modernização da frota a partir de 2026, a experiência do passageiro começa e termina nos pontos de ônibus, onde persistem dificuldades. O documento detalha exigências para os veículos, porém ainda não estabelece prazos nem garantias concretas para a requalificação da infraestrutura de apoio nos bairros.
Na prática, o ritmo de investimento não acompanha as promessas. Enquanto se anunciam ônibus novos, muitos usuários aguardam em locais sem abrigos e assentos adequados, iluminação suficiente, fator que impacta a segurança. O Simob reconhece a necessidade de melhorias em terminais e paradas, mas não apresenta um cronograma que vincule essas ações à chegada da nova frota.
Não há, no texto do edital, cláusula que assegure que a revitalização dos pontos de embarque acontecerá de forma simultânea à renovação dos veículos. Para os usuários, o avanço real da modernização passa por ambientes de espera seguros e funcionais, e a ausência de um compromisso claro com a infraestrutura segue como o principal motivo de preocupação.
A ausência de avanços compromete a percepção do serviço como um todo. Para os passageiros, melhorias visíveis no trajeto e no tempo de espera são tão relevantes quanto os investimentos divulgados, pois impactam diretamente a credibilidade do serviço.

