Projeto ajuda mulheres vítimas de violência a recuperarem autonomia
Um estupro a cada nove minutos. Média de um feminicídio por dia. Uma agressão a cada dois minutos. Não é fácil ser mulher no Brasil, conforme demonstram esses dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Reunir vítimas de violência e ajudá-las a ter autonomia para romper o ciclo abusivo é o propósito de um projeto desenvolvido pela acadêmica de Serviço Social Dyorgia Bogo Pereira, sob supervisão da assistente social Kamila Branco.
O objetivo é fortalecer o debate sobre a violência de gênero e mostrar que a prevenção é possível. A iniciativa beneficiou usuárias do Creas Bucarein, acompanhadas pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi). São nove encontros e o último ocorre na próxima semana.
Na terça-feira, elas visitaram o Instituto Belas Artes. “A intenção foi proporcionar um dia completamente diferente da rotina dessas mulheres”, explicou Dyorgia. Além de assistir a apresentações de piano, elas subiram ao palco para ver de perto o instrumento musical. Também participaram de atividades de dança com a professora Estefânia Meier.
A proprietária do instituto, Mirtes Strapazzon, emocionou a todos ao tocar um tango ao piano, acompanhada e um aluno no acordeon. Mirtes convidou as usuárias a participarem de apresentações artísticas gratuitas que acontecem nas noites de sexta-feira. “Sempre via concertos musicais pela televisão e achei que nunca iria ver uma apresentação ao vivo”, afirmou uma das usuárias, que prefere ter sua identidade preservada. Com exceção de uma integrante do grupo, nenhuma delas havia visitado uma escola de artes na vida.
Em um dos encontros anteriores, o tema foi a comunicação não-violenta, base da Justiça Restaurativa, apresentado por uma advogada que integra o Conselho de Direitos da Mulher. A professora Valdete Daufemback participou de uma roda de conversa com o grupo, abordando a história da mulher na sociedade desde a Antiguidade. A advogada Cynthia Pinto da Luz, do Centro de Direitos Humanos, também participou de um encontro para tratar da condição subalterna da mulher e explicou as violências abrangidas pela Lei Maria da Penha. Também em maio, as mulheres participaram de um Dia da Beleza, com atendimento gratuito de cabeleireira, manicure e maquiagem.