Setembro Dourado alerta para diagnóstico do câncer infantojuvenil
Por Amanda Cristina, Amanda Primo e Jucilene Schneider
Setembro Dourado é o mês da conscientização sobre o câncer infantojuvenil. Em Joinville os casos são tratados no Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, que também recebe pacientes de outras regiões de Santa Catarina. Cerca de 62,7% dos atendidos são de fora de Joinville. Os diagnósticos mais comuns no hospital são de Leucemia, Tumores de Linfomas. De 2012 a 2017 foram recebidos mais de 250 pacientes, sendo 58,73% meninos e 41,27% meninas.
Patrícia Brandalise é médica da área de oncologia no Hospital Infantil. Segundo a especialista, não há grandes diferenças entre o tratamento do câncer em adultos, crianças e adolescentes, porque os medicamentos são os mesmos. O que muda é a dose dos remédios e o cuidado direcionado às crianças que não têm muito conhecimento sobre o que está acontecendo. Cada tipo de câncer exige um tratamento diferenciado e não são todos os casos que exigem radioterapia e quimioterapia.
De acordo com a médica, os leitos da oncologia são suficientes para atender aos pacientes recebidos, de Joinville e de toda Santa Catarina, porém, se houvesse mais leitos, provavelmente também seriam ocupados. Em 2017 foram atendidos 47 casos de câncer infantil, dos quais 21 de leucemia, 22 eram de tumores e quatro, linfomas. O Hospital Infantil trabalha com crianças menores de um ano até adolescentes com 17 anos.
Quando ocorrem casos de internação, o hospital fornece a medicação complementar, assim como no ambulatório, por exemplo, um remédio para parar o vômito, antibiótico profilático, para dor e febre. O medicamento da quimioterapia, que precisa ser tomado em casa, também é fornecido. Outros remédios necessários fora do hospital podem ser obtidos na unidade de saúde.
Acompanhamento psicológico auxilia no tratamento
Como os tratamentos costumam ser prolongados, o vínculo entre profissionais e pacientes acaba se estreitando naturalmente. “A gente tem que separar, se começarmos a ter uma relação de parentesco, começar a gostar muito daquela criança, você pode exagerar no cuidado”, relata Patrícia. “Mas tem muita relação de proximidade, carinho, eles gostam muito do pessoal daqui, até das meninas da enfermagem que coletam o sangue”, conta a médica.
De acordo com Patrícia, os adolescentes têm maior dificuldade de aceitar o diagnóstico, pois geralmente são retirados do convívio com os colegas da escola, pesquisam na internet, têm mais acesso à informação, o que causa um abalo maior. De 6 a 10 anos o entendimento é parcial, a criança sabe que tem uma doenças que precisa de tratamento, mas não tem muito conhecimento. Mas os pais são os que mais sofrem com o reconhecimento do câncer, pois têm um sentimento de perda com relação ao filho e vivem com a expectativa de cura. “À medida que eles vão vendo o tratamento, que a criança vai ficando bem e que eles restabelecem a saúde, cresce a confiança e vai ficando melhor”, explica Patrícia.
O Hospital Infantil oferece apoio psicológico para as crianças e adolescentes internados. Psicólogos passam praticamente todos os dias para conversar e, para os casos mais graves, também existe a equipe da psiquiatria. Ainda há o apoio das freiras que ajudam com apoio emocional.
Na maioria dos casos, o câncer é descoberto no pronto-socorro, onde se realizam exames físicos e solicitam-se outros complementares. Também há crianças que são encaminhadas de hospitais de outras cidades, vêm com uma suspeita, dificilmente com o diagnóstico já pronto. A taxa de cura fica em torno de 70% a 80%, mas o número muda de acordo com a especificidade da doença. “Como são crianças, têm uma recuperação melhor”, constata a médica. Diferente dos adultos, os pacientes infantojuvenis geralmente não possuem um histórico de doenças anteriores. Por outro lado, para crianças é mais difícil testar novidades no tratamento, porque para liberar a medicação o estudo precisa ser maior e testes são feitos com adultos.
Alguns sinais podem alertar os pais sobre o câncer infanto-juvenil: palidez, manchas na pele (pintas ou hematomas), febre inexplicada, dor nas pernas, mancha branca na pupila do olho, aumento de volume abdominal, sangramentos e ínguas.
Casa do Adalto oferece apoio às famílias
A Associação Casa do Adalto de Apoio às Crianças e Adolescentes com Neoplasia (ACAN) surgiu em 2002 com o objetivo de acolher crianças e adolescentes em fase de tratamento contra o câncer. O nome é uma homenagem a Adalto Chagas, que faleceu aos cinco anos por conta do câncer. Sua mãe, Noeli Chagas, é a idealizadora da associação.
Segundo uma das administradoras e irmã de Adalto, Fabíola Martins, a casa de apoio atende a pessoas de todo o estado de Santa Catarina e conta com projetos como hotelaria, com capacidade de abrigar até 46 pessoas, com dormitórios, cozinha, alimentos, banheiro com produtos de higiene e espaços para convivência. A associação também realiza eventos, doação de cestas alimentares para as famílias das crianças e o Doe Medula por Um Sorriso, campanha que busca envolver a sociedade para ampliar o cadastro de doadores de medula óssea. “Nós tentamos oferecer algo bom durante o tratamento”, conta Fabíola.
A Casa do Adalto recebe doações de alimentos, produtos de higiene e limpeza, roupas, fraldas, cabelos para a confecção de perucas, entre outros itens para suprir as necessidades das crianças. Atualmente, o desafio da entidade é conseguir auxílio para algumas reformas. Para saber mais sobre a casa do Adalto e como ajudar clique aqui