Documentário Yvymbyte emociona acadêmicos
Uma noite de aprendizado sobre a cultura guarani. Assim foi o lançamento do documentário “Yvymbyte – A Sabedoria dos Mbya Kuery“, na quarta-feira, no anfiteatro da unidade centro da Faculdade Ielusc. As jornalistas egressas Bárbara Elice da Silva e Naiara Larsen, juntamente com a diretora Taís Rojas Urquizar, o cacique Karaí e jovens da Aldeia Piraí – todos participantes do projeto – conversaram com a comunidade acadêmica.
A professora Maria Elisa Máximo destacou a exibição como o primeiro evento público alinhado a partir da Coordenação de Ação Comunitária, Responsabilidade Social e Ambiental da faculdade. “Ele se caracteriza como atividade de extensão universitária nos moldes de um projeto de expansão e de qualificação de nossas políticas para pesquisa e extensão”, comentou.
O canto das crianças da Aldeia Piraí emocionou o público antes mesmo da exibição do documentário, que está disponível no portal Videocamp
A professora Valdete Daufemback mediou a roda de conversa. Nas perguntas, estudantes e professores que lotaram o auditório abordaram não só detalhes sobre a produção do documentário, mas também curiosidades a respeito da vivência e cultura indígena. Com desenvoltura, o cacique destacou a importância da natureza para o seu povo e destacou algumas diferenças em relação aos não-índios. “Namorar pra nós é diferente de vocês, então tudo a gente tem que por limite, né? A hora certa vai chegar. Como é que eu vou namorar com uma menina, dizer ‘eu gosto, eu te amo’ e depois vou brigar? Então quer dizer que não tá gostando da menina. É uma coisa que a gente vai aprendendo”, exemplificou ele sob aplausos dos estudantes.
Conforme Bárbara, todo o documentário foi produzido com a participação de pessoas da aldeia. “Nós fomos apenas instrumentos, mas eles contaram a sua história, decidiram o que era mais importante mostrar”, observou.
O cacique destacou a importância de atualizar os conhecimentos, mas sem deixar de valorizar a própria cultura. “O povo guarani, em geral, já sabe o costume de vocês. Nós não vamos chegar no mercado, sem saber nada, pegar e sair sem pagar.” Portanto, também os não-índios deveriam saber que e necessário pedir permissão para fotografar as pessoas da aldeia, por exemplo.
Contar o nosso próprio idioma, nossa própria história e até fazer oficina sobre isso. Tudo tem que respeitar uns aos outros, isso é muito importante. Respeitar, não mentir, não faz promessa porque não vai fazer – Cacique Karaí
Um estudante perguntou se os indígenas já haviam sofrido com tentativas de ocupação de suas terras. “Olha, já aconteceu em vários lugares isso. Uma coisa que a gente luta e às vezes briga, porque o guaranis existem para a gente cuidar do mundo e porque. Os guaranis são os guardiões de todos vocês”, afirmou.
O documentário “Yvymbyte – A Sabedoria dos Mbya Kuery” foi produzido com recursos do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura. A aldeia já contava com alguns equipamentos de produção audiovisual, adquiridos por meio de outro projeto, e que ainda não haviam sido utilizados. Segundo Bárbara, integrantes da aldeia, inclusive o cacique, já manifestaram interesse em realizar novos projetos, mas isso vai depender da captação de recursos.
Foto capa acervo pessoal Tais Urquizar.