Febre amarela: nem todos podem tomar a vacina
Por Mateus Lino e Elisa Schroeder
Depois da confirmação da morte de um homem por febre amarela em Joinville, no dia 28 de março, ontem a Dive-SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina) confirmou também a morte de um macaco pelo mesmo motivo. Para a maioria das pessoas a prevenção é simples, basta tomar a vacina, disponível gratuitamente nos postos da rede pública de saúde. Entretanto, há pessoas que não podem fazer a imunização. É o caso de alguns portadores de HIV, gestantes e portadores de doenças autoimunes, por exemplo.
Heloísa Krzeminski, 18 anos, estudante de Jornalismo, ama viajar e seu sonho é se tornar uma jornalista de aventura. Atualmente, contudo, suas opções de viagem estão restritas. Ela tem Lúpus e, se tomar a vacina contra a febre amarela, seu corpo pode reagir de forma negativa, afetando rins, coração e outros órgãos. “O lúpus é causado pelas células de defesa do meu corpo. Então, se eu tomar a vacina e o vírus se manifestar, as células de defesa vão se multiplicar e as células que têm deficiência, que causam o lúpus, podem se multiplicar também. Isso poderia me matar”, resume.
De acordo com a Nota Informativa nº 01, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Governo Federal, todas as pessoas vivendo com HIV podem se vacinar contra a febre amarela, desde que não apresentem imunodeficiência grave (CD4 abaixo de 200 células por milímetro cúbico). A administração das vacinas em pacientes sintomáticos ou com imunodeficiência grave deve ser adiada até que a reconstituição imune seja obtida com uso da terapia antirretroviral.
Rosa (nome fictício para preservar a identidade da entrevistada) é portadora de HIV e sabe que não pode se prevenir da febre amarela da mesma maneira que outras pessoas. “Como é uma doença de imunodeficiência, é preciso passar por uma avaliação do médico, para ver se ele libera a vacina ou não”, conta.
A vacina contra a febre amarela possui o vírus vivo atenuado, que – em condições normais – desaparece do organismo três semanas após a vacinação. Quando a pessoa tem o sistema imunológico enfraquecido, a vacina pode criar um quadro semelhante ao da febre amarela em si, por isso há necessidade de orientação médica antes de optar pela imunização. É o que ocorre também com pacientes em radioterapia, quimioterapia, portadores de doenças autoimunes, como lúpus, doença de Addison e artrite reumatoide. Nas crianças, a vacina só é indicada a partir dos 9 meses.
Quem não pode tomar a vacina, precisa evitar picadas de mosquitos, seja usando camisas de mangas longas e calças compridas ou mosquiteiros e repelentes. Também se recomenda o uso de telas antimosquito nas janelas.
A febre amarela é uma patologia infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido pela picada de mosquitos infectados, os mesmos que transmitem a dengue. Entre os sintomas estão dor de cabeça, febre baixa, fraqueza e vômitos, dores musculares e nas articulações. Em sua fase mais grave, pode causar inflamação no fígado e nos rins, sangramentos na pele e levar à morte
Não devem tomar a vacina sem indicação médica:
– Pessoas com alergia a algum componente da vacina ou a ovos e derivados;
– Indivíduos com doenças que levem a alterações no sistema de defesa congênitas (nascidas com a pessoa) ou adquiridas, incluindo os indivíduos submetidos a terapias como quimioterapia e os que recebem doses elevadas de corticoesteroides;
– Pessoas com histórico de doença do timo (órgão linfático), incluindo miastemia gravis (doença neuromuscular que causa fraqueza e fadiga anormalmente rápida dos músculos voluntários.), timoma (câncer no timo) ou remoção prévia do timo;
– Indivíduos assintomáticos infectados pelo HIV que estejam doentes ou apresentem defesas baixas (CD4 abaixo de 200 células/mm³);
– Crianças menores de 9 meses
– Pessoas com mais de 60 anos;
– Gestantes;
– Mulheres amamentando crianças menores de seis meses de idade.
(Fonte – Portal Drauzio Varella)
Foto de capa: Rovena Rosa/ Agência Brasil