Coletivo Transcender retoma atividades em Joinville
Por André Lima
Uma sala marcada pela diversidade. Assim pode ser descrito o encontro que marcou a volta das atividades do Coletivo Transcender, grupo que atua na promoção dos direitos das pessoas transgênero em Joinville. A roda de conversa foi realizada no dia 17.
Responsável por reativar o coletivo e organizar a roda de conversa, Terra Zap conta que decidiu reativar o grupo após a eleição presidencial, por conta do receio de aumento de violência contra pessoas LGBTI+. A intenção é que o grupo se torne um meio de levantar denúncias de casos de violência e discriminação.
Após conseguir o apoio de mais pessoas, o coletivo voltou à ativa. “Nosso objetivo é possibilitar o engajamento de pessoas trans em outros cenários, como o político, e tentar fazer com que nós consigamos acessar outros espaços, como o ambiente acadêmico e de trabalho”, relata.
A roda de conversa, realizada numa das salas da Faculdade Ielusc, foi mediada pela psicóloga e psicanalista Bruna Sofia Morsch, que também é uma mulher trans. Ela pediu que os presentes se apresentassem e explicassem suas opiniões sobre sua vivência e seu papel em Joinville. Vários foram os relatos de episódios de discriminação por conta da identidade de gênero, além de depoimentos emocionantes de pessoas que assumiram-se transgêneros para a família ou que receberam o apoio de familiares.
Um dos participantes, um homem trans, conta que, em determinado momento da sua vida, chegou a instalar no celular um aplicativo para pessoas mudas. “Você escreve e o aplicativo fala por você, aí eu coloquei em voz masculina, para que as pessoas continuassem me chamando no masculino sem me questionar ”, lembra.
Uma professora de ciências também participou do encontro. Ela se interessou pela roda de conversa porque tem um aluno trans e sentiu a necessidade de ajudá-lo. “Eu vejo a dificuldade que ele passa, ainda mais agora que está na adolescência, uma fase que já é difícil até para quem não é trans”, explica.
Ao final da conversa, Bruna destacou a importância de continuar promovendo encontros como este. “A gente teve um lugar de muitas falas, de grande diversidade de subjetividades. Não só na questão de gênero e sexualidade, mas na própria questão dos sujeitos que estão falando aqui sobre suas demandas, suas queixas e suas experiências. É sempre importante falar sobre isso”, completou.
Reestruturação e novos projetos
Apesar de já ter iniciado os trabalhos, o Coletivo Transcender ainda está em fase de reestruturação. Terra conta que o estatuto firmado em 2016, quando a entidade foi fundada, passa por revisão. Depois, o grupo vai providenciar o CNPJ para que seja possível participar de editais para captação de recursos e para promover eventos e programas voltados para a comunidade trans de Joinville.
Entre os projetos que já estão sendo organizados para este ano, está a arrecadação de roupas usadas para a confecção de peças para pessoas que estão iniciando o processo de transição. “Esse projeto surgiu a partir de uma vivência minha, de como o vestuário me ajudou a entender quem eu sou e a me expressar na sociedade”, adianta Terra.
Ela também estuda a viabilidade de oferecer oficinas de costura para pessoas trans e não-binárias (pessoas que não se identificam com nenhum gênero) possam produzir suas próprias roupas. Além disso, uma palestra está sendo organizada para o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, comemorado em 26 de junho. Para isso, o coletivo precisa de ajuda de pessoas que façam o evento acontecer.
Pessoas cis e não somente os transgêneros são aceitas para ajudar no coletivo. Para entrar em contato ou buscar mais informações, o grupo pode ser encontrado em suas páginas no Facebook e Instagram (@coletivotranscender).