Associação Paralímpica de Joinville completa onze anos
Por Gabriele Abatti
Pessoas com deficiências, pais, professores, técnicos, poder público e empresas privadas, integram a Associação Paralímpica de Joinville (APJ) para apoio à inclusão dos jovens atletas com deficiências em competições de diversas modalidades. A iniciativa surgiu em 2008 e partiu do professor Vanderlei Quintino.
Professor de natação, Quintino queria inserir seus colegas e alunos com deficiência nas competições. Ele é atleta desde 1995, foi jogador de futebol e, nas horas vagas, aproveitava para praticar natação. Aos 25 anos, sofreu um acidente de moto e perdeu a perna esquerda. Isso mudou totalmente a sua vida. Depois de ter a perna esquerda amputada, tentou criar um time de futebol com meninos que também tinham alguma deficiência física, mas não conseguiu reunir número suficiente de jogadores. Foi aí que resolveu virar atleta paralímpico oficial de natação.
Hoje a Associação possui 40 atletas que participam de Travessias, Festivais, Parajesc, Parajasc, competições organizadas pela Confederação Paraolímpica Brasileira (CPB), Copas, Parapan Americanos, Jogos Universitários e outros. Cerca de 100 pessoas apoiam a entidade sem fins lucrativos.
A APJ promove vários eventos durante o ano, como feijoada e campeonatos abertos à comunidade, a fim de conseguir dinheiro para manter a entidade. Mesmo com muito trabalho, as doações recebidas pela APJ não são suficientes para suprir as despesas de todos os atletas. “Às vezes atrasamos a conta de luz, mas tudo vale a pena no momento que sentimos o coração bater mais forte nas competições”, diz Luciano Braga diretor financeiro.
As competições são separadas por categorias de deficiência e habilidades motoras. “É impressionante ver que eles superam cada obstáculo, é uma motivação para o professor ver a evolução de cada atleta nas competições”, destaca professora Roberta Eberhard Soares. Nos treinos, os atletas mostram muita força de vontade e dedicação para alcançar mais um degrau de sua conquista. Às vezes fazem por diversão; outras, pela realização de um sonho, mas em ambos os casos não falta suor para alcançar mais uma medalha de ouro.
Incentivo para competir
Leandro da Silva, de 23 anos, entrou este ano para a APJ na modalidade de vôlei sentado. Foi convidado pela organização a ser um dos integrantes desta nova modalidade. Antes ele praticava atletismo, mas sofreu um atropelamento e perdeu o braço e a perna direita. Isso não foi empecilho para o amante de esporte. “Não é essa deficiência aqui que vai me impedir de praticar o que eu mais gosto”, diz Leandro.
Na associação, ele recebe ajuda para os treinos diários e incentivos nas competições. “Eles doam tudo, desde academia para a preparação até o local fornecido para a gente nadar e treinar”, destaca. Muitos participantes não conseguiam praticar o esporte por falta de espaço e disponibilidade, mas, com a ajuda da APJ, conseguiram se integrar ao meio esportivo com que mais se identificam.
Dificuldades para encontrar apoiadores
Em cada competição, os atletas paralímpicos gastam em média cerca de 300 reais com inscrições, passagens, meio de locomoção, diárias e alimentação. Para pagar essas despesas, muitas vezes é preciso recorrer a ações individuais, como abordagem de carros nos sinaleiros. A divulgação nas redes sociais, também é uma estratégia adotada.
Com apenas 15 anos, Vitor Braga já ganhou oito medalhas de ouro, dez prata e três de bronze na modalidade de natação. O paralímpico teve que amputar as duas pernas e dedos da mão por conta de uma meningite avançada que sofreu em 2016. De família humilde, muitas vezes ele não tem como bancar todas as suas viagens, então realizam rifas e jantares para conseguir recursos.
Leandro da Silva sofre com o mesmo problema. Ele se esforça ao máximo para conseguir conquistar o seu lugar nas próximas competições, mas nem sempre consegue chegar até o local. “Às vezes tenho oportunidades de competir fora, defendendo Joinville e Santa Catarina em outros estados, mas a questão financeira me limita, falta patrocínio”, conta.
Os representantes da Associação junto com os familiares envolvidos trabalham em um novo projeto de construção de espaço próprio da APJ, pois atualmente as atividades ocorrem em diversos lugares cedidos para os treinos.