Sônia Bridi conta suas histórias de repórter
Um total de 153 pessoas, entre alunos, professores e egressos da Faculdade Ielusc participaram da aula remota especial com a jornalista Sônia Bridi. A convidada contou sobre sua formação, experiências e respondeu a várias perguntas feitas pelo chat.
Sônia é natural de Caçador-SC, aos 14 anos começou a trabalhar em um jornal local de sua cidade natal. “Eu tinha uma coluna no jornal e ganhava livros e discos”, conta. Foi uma de suas professora que a estimulou a ser jornalista. Mudou-se para uma pensão em Florianópolis para cursar Filosofia, mas acabou trancando o curso no segundo ano e só voltou para a universidade aos 27 anos, para cursar Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina.
Sônia contou que, quando trabalha em outro país, procura aprender o máximo possível sobre a cultura local. “Como correspondente da Globo na China, entre 2005 e 2006, eu li tudo o que pude sobre a história, economia até romance chinês”, exemplifica. Ela também trabalhou em Londres, Nova Iorque e Paris.
Repórter da rede Globo desde 1998, Sônia destacou a importância do jornalismo para a sociedade. “O jornalismo tem que ser sério, bem apurado, relevante e não mudar a postura, pois o jornalista não faz reportagem para mostrar o que está pensando, mas sim para informar o público”, destacou.
Sônia, que já deu a volta ao mundo por conta de reportagens especiais, contou que um dos momento mais tensos da carreira ocorreu em 2014, quando foi a Moscou para entrevistar Edward Snowden, agente secreto americano que denunciou esquema de espionagem dos Estados Unidos sobre outros países, inclusive sobre a Petrobrás e a então presidente Dilma Rousseff. “Alugamos equipamentos lá porque fomos com visto de turistas”, explica. Depois que já estava com todo o material gravado com Snowden, Sônia sentiu o risco iminente de perder tudo e até de ser presa se fosse revistada pela polícia do aeroporto. “Felizmente isso não aconteceu e depois de três dias sem dormir, pude descansar no avião”, disse.
Ela também contou sobre sua rotina de trabalho. As reuniões de pauta do Fantástico acontecem toda terça-feira. “Repórteres, editores, a produção, todos participam da reunião e a gente comenta sobre as matérias que foram ao ar, o que podia ter sido diferente. Depois conversamos sobre sugestão de pautas”, explicou. Ela conta que não há qualquer impedimento para publicação das pautas, desde que estejam bem apuradas. A repórter destacou a importância da ciência e disparou: “Achismo não é o outro lado [da história]”, para justificar que não é papel do jornalismo dar espaço a meras opiniões pessoais sem qualquer fundamentação comprovada.
Leitura e bom texto
Aos jovens jornalistas, Sônia Bridi recomendou a prática constante da leitura. Entre seus livros prediletos, destacou Crime e Castigo (Fiódor Dostoiévski), As Vinhas da Ira (John Steinbeck) e Germinal (Émile Zola). Em julho de 2008, Sônia escreveu “Laowai – Histórias de uma repórter brasileira na China”. “Até que foi rápido, escrevia, em média, um capítulo a cada dois dias.”
Além da leitura, a repórter destacou a importância de ter um bom texto para os jornalistas. “Costumo escrever e sussurrar o texto, porque preciso ver se o tamanho das frases está adequado, se vai ter o ritmo certo”, contou. Ela também destacou a importância do estudo da filosofia para sua carreira. “É fundamental, porque a filosofia ensina a perguntar.”
Por uma hora e meia, a jornalista respondeu aos questionamentos dos participantes. O coordenador do curso, Silvio Melatti, mediou a conversa. Durante e após a aula, várias manifestações de agradecimento foram publicadas nas redes sociais.
O egresso Rodrigo Pereira, que atualmente mora na Austrália, elogiou a iniciativa do curso. “Excelente oportunidade de aprender e de rever os colegas”, comentou. “Foi um privilégio”, definiu a estudante Társila Ebert. “Até chorei, foi lindo demais”, declarou a aluna Nadine Quandt.
Por conta da pandemia do Coronavírus, todos os cursos da Faculdade Ielusc adotaram as aulas remotas, por meio de videoconferências.