Sindicatos se manifestam contra a privatização do porto de São Francisco do Sul
Lara Donnola Rodrigues
Uma comissão foi formada pela prefeitura, entidades de classe e sindicatos, em movimento contra a privatização do Porto de São Francisco do Sul. O repúdio à privatização é por conta dos prejuízos financeiros que a eventual desestatização pode trazer para a economia do município. A resistência começou depois que o governador Carlos Moisés anunciou a possível privatização, no início de fevereiro.
A comissão inclui a Câmara de Vereadores, Sindicato dos Trabalhadores Avulsos, servidores públicos, associações comerciais, caminhoneiros e trabalhadores do Terminal Graneleiro SCPar. “Formamos a comissão para ir aos deputados tentar contatos para lutar contra a privatização” disse o representante dos trabalhadores no conselho de administração do porto, Almir Wagner, “inclusive com o apoio do prefeito da cidade.”
A falta de detalhes sobre a proposta levantou preocupações. Setenta por cento da economia de São Francisco se mantém em função do porto. Acredita-se que essa iniciativa pode quebrar a base da economia local. Essa dependência econômica está atrelada à atuação empresarial do porto, que gera 1.500 empregos diretos e cinco mil indiretos. “Ainda não há uma posição concreta nem por parte do governo, nem do próprio porto”, comentou o gerente do terminal graneleiro do SCPAR, Lindomar Dutra.
Outro motivo apresentado para que não haja mudanças na regência do porto são os recordes de movimentação e produção de lucro. O porto movimentou 11,8 milhões de toneladas de produtos e faturou 100,6 milhões de reais em 2020, esse valor representa um aumento de 41,92% no faturamento em relação a 2019.
O modelo atual de gestão do porto é o Landlord Port. Esse modelo age de maneira pública e privada, com o Estado cuidando da infraestrutura portuária e a operação portuária sendo feita pelas empresas privadas. É o modelo predominante no mundo. “Os portos de outros países que foram privatizados estão sendo estatizados novamente” informou Dutra. Perceberam que a privatização é menos eficaz por criar um monopólio.
São vários setores que têm atividade dentro do porto: operadores portuários, caminhoneiros e trabalhadores avulsos, por exemplo. “O governo não tem uma clara noção das implicações desse ato. Pode ser um desastre econômico-social para a cidade” comentou Almir. Os servidores públicos acreditam que não é um bom negócio para o Estado, que perderá o mecanismo de regulação de mercado que possui.
O futuro do porto continua em discussão. O prefeito manifestou interesse do município em assumir a administração. Os operários do porto estão em estado de greve e aguardam o andamento da situação. “Não é o foco da nossa organização no momento, mas em última instância, pode acarretar em uma paralisação” declarou Dutra.
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