Aumento do preço do litro da gasolina afeta classe de motoristas autônomos
Por Henrique Duarte, Vinicius Tóffoli e Niro Souza Netto
O preço da gasolina e a falta na demanda de serviços afeta diretamente os taxistas e motoristas de aplicativo, principalmente os que trabalham durante a noite. O aumento acumulado em mais de 25% desde o início do ano, pesa no bolso dos profissionais quando o assunto é combustível.
Há cinco anos sem aumento na tarifa, taxistas têm enfrentado dificuldades. ‘’O último aumento que tivemos na tarifa do táxi, foi em 2016, naquela época valia a pena trabalhar como taxista. O preço da gasolina era muito menor”, diz o taxista Julio Cesar Martins, 41 anos. Em Joinville, o preço médio da gasolina comum chega a casa de R$ 5,72 conforme a última pesquisa realizada pelo Procon.
Os preços dos combustíveis são formados pela Petrobras nas refinarias, além dos custos de distribuição, são somados os tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e estaduais (ICMS). Na gasolina também há o custo do etanol anidro, que compõem cerca de 22% do combustível. Todos esses fatores influenciam no preço que o combustível irá custar nos postos de gasolina. O preço da gasolina subiu cerca de 56% durante cinco anos, porém a tarifa não mudou desde então. A bandeirada cobrada atualmente é de R$ 5,25.
Júlio relata queda de 20% no lucro desde o último aumento na primeira quinzena de setembro. O motorista trabalha em média 11 horas por dia e não vê queda no número de passageiros, mas conta que trabalha apenas no centro, pois nos bairros não há demanda de passageiros. “A maior dificuldade nossa é o preço do combustível, junto à manutenção do carro”, diz.
Para o taxista, ainda compensa trabalhar com a bandeira, mesmo com o surgimento do aplicativo Uber. A clientela fiel faz com que o trabalhador consiga manter o sustento para sua família. ‘’A gente vê bastante amigos nossos que trabalhavam como taxista e foram para o aplicativo e hoje se arrependem’’, relata.
Já Conrado Bastos, 24 anos, trabalha com o aplicativo Uber nas horas vagas. Ele relata que o preço da tarifa estipulada pela Uber só vale a pena em corridas longas. ‘’Se você pegar trânsito, meio que sai no zero a zero, vendemos o almoço pra comprar a janta’’, diz. O motorista afirma que o aumento do preço da gasolina não atrapalha tanto nos lucros, e reclama que a pandemia da Covid-19 fez com que o movimento de passageiros diminuísse durante a noite.