Se essa praça falasse: Praça Nereu Ramos
Utilizada por quem passa na área central de Joinville, a praça é uma das mais populares da cidade
Uma das praças mais utilizadas pelos joinvilenses que vão ao Centro e moradores da região. Com a presença diária de pessoas que passam por ela para descansar em seus bancos ou simplesmente para jogar dominó e cartas. Além de contar com o prédio histórico da Ipreville, que já foi o Fórum e a agência dos Correios. A Praça Nereu Ramos está localizada no coração de Joinville, ao lado das ruas do Príncipe e a Engenheiro Niemeyer.
Se engana quem pensa que o espaço sempre teve esse nome. Até o início do século XX, a praça se chamava Carlos Gomes, em homenagem ao maestro e compositor de ópera muito importante do ainda Brasil Império. Foi no final da década de 30 que o local recebeu o atual nome, em homenagem ao político catarinense Nereu Ramos.
Nereu de Oliveira Ramos, nasceu em Lages em 3 de setembro de 1888. Foi o 20º presidente do Brasil por apenas dois meses e 21 dias, de novembro de 1955 a janeiro de 1956, sendo o único catarinense a presidir o país. Formado em direito pela Faculdade de São Paulo, teve uma longa carreira política como deputado estadual, em 1910 e deputado federal, em 1930. Além disso, foi governador e interventor federal de Santa Catarina de 1935 a 1945. Foi grande apoiador de Getúlio Vargas no Governo Provisório da Revolução de 30. Foi também presidente da Câmara de Deputados, vice-presidente do Senado Federal e ministro da Justiça. Morreu em 1958, em um acidente aéreo na cidade paranaense de São José dos Pinhais, junto ao governador catarinense, Jorge Lacerda, e o deputado federal por Santa Catarina, Leoberto Leal.
Além do prédio da Ipreville, a praça tem como fundo o Palacete Schlemm. Localizado entre as ruas do Príncipe e Gerônimo Coelho, é outro grande cenário do lugar. Construído no final dos anos 20, por Jorge Schlemm, que inicialmente usava o prédio na área térreo como barbearia, casa de negócios e restaurante. Em 1990, a família Schlemm, que ainda nos dias atuais é dona do imovel, começou a reforma de restauração, paralisada devido ao plano Collor. A última tentativa de restauro foi encabeçada pela tataraneta de Schlemm, Daniela Fritsche, em 2013, que procurou ajuda da prefeitura de Joinville. O impasse de restauro está com o Ministério da Cultura desde 2014.
A charmosa fachada do palacete tem detalhes de relevos assinados pelo escultor alemão Fritz Alt. Na face do prédio que fica para a rua do Príncipe, está a cabeça de Mercúrio e a data de 1930, já para o lado da Gerônimo Coelho, há a representação de Minerva, deusa romana da arte e o brasão da família.
Durante os anos, a praça foi se remodelando até chegar ao que conhece hoje. Houve a retirada da grama, diminuição de árvores, a retirada do chafariz que ficava em frente a Ipreville, ainda na década passada. Mas o que mais desconfigurou a praça foi as obras de ampliação da capacidade hidráulica do Rio Mathias, que iniciou ainda em 2014. O braço do Rio Cachoeira passa também pelas praças Dario Salles e da Bandeira e por consequência por baixo do Terminal Central. Isso foi a grande dor de cabeça dos frequentadores e comerciantes locais. “A gente estava tão acostumado a vir jogar um dominó com os amigos da região e a demora da conclusão da obra e abandono da praça me deixavam triste”.], conta Alceu Avelino, aposentado de 72 anos. Além dele, os comerciantes também ficaram furiosos pela demora e a falta de uma data para fim das obras. “As pessoas simplesmente não vinham mais ao centro, principalmente na região da praça, porque era intransitável tanto para os carros dos clientes como para andar a pé em meio ao lamaçal da obra do Rio Mathias. Isso quebrou muitos os comerciantes locais”, comenta Daniela Rodrigues.
Após uma briga judicial, uma CPI e a cobrança de comerciantes e dos desempregados dos comércios fechados, a prefeitura conseguiu uma liminar em abril de 2021, da Justiça Federal. Com a liberação, a prefeitura iniciou o processo de recuperação das ruas e consequentemente das praças, outrora fechadas com tapumes e cheias de entulhos da obra.
Todos os anos, durante o Festival de Dança de Joinville, a praça recebia um dos palcos abertos do evento, até 2019. No ano passado, devido a pandemia do Coronavírus, a edição 38º foi suspensa, voltando apenas esse ano, mas sem os tradicionais palcos nas praças, para evitar aglomerações. A professora de dança do Mato Grosso, Franciele Almeida, lembra que desde da edição do festival de 2015, vinha à praça Nereu Ramos para admirar a cultura e arte em espaço público. “Pra mim é importante trazer o festival para as praças, pois os turistas e participantes, assim como eu, podemos admirar melhor a história do lugar e as características de Joinville e, até mesmo de Santa Catarina”, conta a professora.
Ainda precisa de melhorias
Mesmo com a reabertura da Nereu Ramos, vale lembrar que o espaço precisa de melhorias e intervenção da Secretaria da Agricultura e Meio-ambiente e maior monitoramento de segurança do espaço e equipamentos dos usuários.
Segundo a Prefeitura Municipal de Joinville, a praça começou a ser revitalizada no começo desse ano com um consórcio de empresas. Sendo que já recebeu ajardinamento, lavação e nova pintura. Para gerência responsável, a UPP (Unidade de Parques, Praças e Rearborização Pública), para mais investimentos no local, diz que está esperando a elaboração de projetos para a liberação de uma emenda parlamentar já aprovada de 150 mil reais para obras de revitalização. Só depois disso, será aberto o processo licitatório para uma empresa realizar as melhorias.
Em relação à segurança da praça, a Prefeitura de Joinville diz contar com apoio da Guarda Municipal, agentes de trânsito do Departamento de Trânsito (DETRANS) e, também, da Polícia Militar. Se alguém da comunidade ver algum ato de vandalismo ou depredação, poderá denunciar pelo telefone 153.