A importância do jornalismo: A jornalista sobre análise
Por Eduardo Gums
Em um determinado momento na reta final de A jornalista, quando questionada sobre a importância do jornalista e do jornalismo para a sociedade, a personagem Anna Matsuda (Ryôko Yonekura) tem um curto monólogo em que explica que o jornalista existe para dar voz àqueles que não tem voz. Esse ponto de vista é o que permeia todos os seis episódios da série japonesa lançada pela Netflix em 13 de janeiro de 2022.
A série é baseada em um filme de 2019, que por sua vez era baseado em um livro escrito pelo jornalista Isoko Mochizuki em 2017. O filme foi dirigido por Michihito Fujii, que também retornou para escrever e dirigir a série da Netflix.
O elenco tem a presença de Shinobu Terajima (como Mayumi Suzuki), Ryusei Yokohama ( Ryo Kinoshita) e Go Ayano (Shinichi Murakami). Ryôko Yonkekura completa o elenco como a jornalista do título.
A série se passa entre 2019 e 2020 e narra a história de um grupo de personagens que se vêem envolvidos num escândalo envolvendo um instituto de nome Eishi. O show acompanha as investigações de Matsuda enquanto que segue a vida dos personagens que são afetados pelo escândalo. Isso nos leva à família do servidor público Kazuya Suzuki, que é o condutor de grande parte dos acontecimentos da produção.
Uma das coisas que mais chama a atenção ao assistirmos A jornalista é o retrato que ela faz dos bastidores políticos do Japão. Sendo um grande expoente da tecnologia e com uma cultura famosa no mundo inteiro, o telespectador pode ter em mente os conceitos japoneses de honra, família e também pode ter uma noção dos conteúdos mais famosos produzidos no país oriental. Porém, ao assistirmos os seis episódios de 40 minutos a uma hora cada da produção, terminaremos com um olhar diferente e com uma sensação de que conhecemos mais a fundo o Japão.
As atuações do elenco conseguem passar todas as sensações que precisam transmitir. O roteiro escrito por Fujii é eficiente em desenvolver a trama e os personagens. Porém, com seis episódios, alguns temas acabam por não serem abordados com profundidade. Um exemplo: em um dos episódios é citado uma atriz/cantora que se manifesta sobre o escândalo político. Isso acaba causando uma discussão rápida se os artistas devem se manifestar politicamente. Mas no final tal informação não serve para a história maior da série.
O roteiro de Fujii é eficiente mas com alguns problemas de abordagem temática que talvez fossem melhorados se a série tivesse mais episódios. Apesar disso, a série consegue abordar muito bem seus protagonistas, lhes dando motivações claras e desenvolvendo-os bem dentro da narrativa que se propõem.
No fim, a série A jornalista é uma produção regular. Seus pontos positivos são o desenvolvimento dos personagens e a construção de uma história emotiva e cativante. Seu maior defeito é a falta de aprofundamento em alguns temas e uma falta de personagens coadjuvantes bem desenvolvidos. Porém, o telespectador conseguirá ser cativado pela história e pelo retrato feito do jornalismo e da sociedade japonesa do século 21.