Agent Carter: Seguindo em frente no pós-guerra
Ao longo da primeira temporada de Agent Carter, um dos temas que mais se fazem presentes é o de seguir em frente quando tudo parece ser o fim. Para Peggy Carter (Hayley Atwell), protagonista da série, essa é uma questão que paira desde a sequência de abertura. Esta sequência relembra como a personagem terminou o primeiro Capitão América (2011) e como, com o fim da guerra, ela deve seguir em frente. Isso tudo após a suposta morte de Steve Rogers, o primeiro vingador.
A primeira temporada de Agent Carter foi exibida entre 6 de janeiro a 24 de fevereiro de 2015. Ela teve oito episódios com duração de 40 minutos. Foi produzida pela ABC Studios e pela Marvel Television e se passa no Universo Cinematográfico Marvel. A série foi criada por Christopher Markus e Stephen McFeely que assinam o primeiro episódio. Quem lidera a sala de roteiristas é a dupla Michele Fazekas e Tara Butters.
A série é ambientada em 1946, quase um ano após o fim do conflito que deixou milhões de mortos. Voltando a ativa após um longo período, Carter está vivendo em Nova York e trabalha como secretária para a SSR, a Reserva Estratégica Científica fundada durante a guerra. Enquanto aspira voos maiores, Peggy recebe a visita de Howard Stark (Dominic Cooper) que pede que a velha amiga o ajude a recuperar armas roubadas de seu cofre. Trabalhando como agente dupla com a ajuda de Edwin Jarvis (James D ́Arcy), mordomo de Stark, a ex-namorada de Steve Rogers se vê envolvida em uma conspiração que a levará a cantos obscuros do UCM.
Em aspectos estruturais de roteiro, os roteiristas conseguiram criar uma história fechada que consegue estabelecer bem os personagens neste pós-guerra super heroico. Com pequenas referências aos filmes e a elementos apenas referenciados nos filmes, a série tem como foco secundário estabelecer o passado deste universo campeão de bilheteria. Mas, no campo primário, a série também tem de desenvolver a protagonista e os personagens ao redor dela.
O mundo de Peggy Carter é um mundo muito diferente daquele que seria povoado pelos Vingadores. É um mundo mais mundano, mais comum. Por se passar nos anos 1940, a série estabelece o machismo dos personagens masculinos, em especial o personagem do chefe da heroína. Interpretado por Shea Whigham, Roger Dooley pode parecer um personagem detestável nos primeiros episódios, mas, ao longo da temporada, ele vai ganhando novas camadas.
Outro personagem que consegue ganhar camadas com o passar dos oito episódios é o agente Jack Thompson (Chad Michael Murray). Inicialmente apenas mais um colega machista de nossa protagonista, Thompson ganha um episódio inteiro focado em explorar seu passado na guerra. Uma exploração que consegue inserir novas camadas ao personagem. O mordomo Jarvis também tem um passado interessante.
Outros personagens, entretanto, não são bem explorados pelo roteiro. Um deles é o agente Daniel Sousa que começa e termina a temporada da mesma forma que começou. Apesar de ganhar uma investigação própria na segunda metade da temporada. Angie Martinelli (Lyndsy Fonseca), amiga de Carter, também ganha pouco destaque ao longo da temporada. Uma pena, pois parecia ser uma personagem muito interessante e com uma grande importância.
Em termos de história, a primeira temporada de Agent Carter traz uma história básica de conspiração e de segredos enterrados. É na forma em que os roteiristas escolheram abordá- la que a série ganha seu público. Ela insere algumas coisas que estavam ou seriam desenvolvidas nos filmes. Temos uma ponta do doutor Anton Vanko, o pai de Ivan Vanko, vilão do segundo filme do Homem de Ferro (2010). Além disso, temos referências sutis ao projeto que criou uma das personagens mais adoradas pelos fãs: a Víuva Negra. Além de lampejos da conspiração que levou ao fim da organização S.H.I.E.L.D em Capitão América: O soldado invernal (2014). Tal organização reuniu os Vingadores em seu primeiro filme de 2012.
Porém, mesmo com essas referências pontuais ao universo maior da Marvel, a primeira temporada de Agent Carter é uma produção ímpar. Ela consegue continuar a história de Peggy Carter ao mesmo tempo em que explora as origens de algumas coisas apenas citadas nos filmes. É, sem dúvidas, uma produção que vale a pena ser vista pelos fãs da Marvel como um todo; principalmente aqueles aficionados que gostam de saber tudo sobre a franquia bilionária. Ela também agradara novos fãs pela história feminista e pela forma como desenvolve seus personagens. Uma boa série, sem dúvidas.