Multiartista traz reflexões e retrata lutas pessoais e políticas em seu primeiro disco
No dia 29 de julho, o multiartista Edwin de Paula lançou o seu primeiro disco musical, intitulado de “Telecorsa”. Um dia após o lançamento oficial do álbum em todas as plataformas digitais, Edwin realizou um show de lançamento na Livraria O Sebo, no centro de Joinville. O músico conta que tanto o disco quanto o show são marcos muito importantes em sua carreira.
Edwin de Paula é um cantor, compositor e músico. Possuindo 13 faixas, Telecorsa, o primeiro disco do multiartista, é um grande apanhado de experimentações que misturam o sintético e o analógico, o passado e o futuro. Resultado de um trabalho de 4 anos de produção, o álbum é um trabalho autoral, escrito e produzido inteiramente pelo cantor. Apesar de não parecer à primeira vista, o disco também é bem político.
Apesar da perspectiva egóica que permeia todo o disco, o foco está muito mais na relação “Eu X mundo do que apenas no “Eu”. Acho que isso fica mais evidente em “Manifesto”, que é uma música que eu escrevi pensando muito na classe artística e nas diferentes lutas que fazem parte desta classe, que em sua maioria é formada por artistas LGBTQIA+, racializados ou que de alguma forma fazem parte de uma minoria ou são marginalizados.
relata Edwin.
A música “Manifesto” citada por Edwin é apenas uma das 13 faixas que o disco possui. O cantor ainda ressalta que o disco referencia sua experiência pessoal com o abandono da religião, algo que é possível de se perceber no último verso de “Manifesto” e nas outras faixas do álbum, como por exemplo “Outubro no. 2”, que é uma música que Edwin escreveu durante as eleições de 2018. Confira abaixo a tracklist completa do disco Telecorsa:
Mais sobre a mensagem do disco
Além da abordagem política, as lutas pessoais de Edwin estão muito presentes ao decorrer do disco. Telecorsa é claramente uma grande reflexão pandêmica, um “novorritmo” para um “novotempo”, como gosta de dizer o multiartista a respeito do álbum. Edwin de Paula conta e canta suas próprias histórias e dilemas através de um apanhado de composições que escreveu nos últimos dez anos.
“Sinceridade no. 3” por exemplo, é uma releitura da primeira música que escreveu, no ano de 2011. Já “Autorama”, foi escrita há apenas quatro meses antes do lançamento do disco. Ou seja, Telecorsa retrata muitas fases da vida pessoal de Edwin, com todos os elementos do álbum tendo um significado dentro de sua história. Ao decorrer do disco, Edwin relata muitas de suas experiências que fizeram ele ser quem é hoje, como sua infância dentro da igreja mórmon, da sua relação com figuras de autoridade e das expectativas impostas sobre a sua existência e de como teve de romper com estes dogmas para ser ele mesmo. “Eu espero que o Telecorsa inspire as pessoas a não cederem à covardia de não ser elas mesmas, a abraçarem-se com sua luz e com sua sombra. Minha mãe sempre me disse para nunca me igualar aos outros, eu só estou repassando a mensagem”, diz o multiartista sobre a mensagem do disco.
Sobre o show de lançamento
Um dia após o lançamento em todas as plataformas digitais, Edwin de Paula realizou um show para comemorar o lançamento de seu primeiro disco. O evento ocorreu na Livraria O Sebo, no centro de Joinville. O show foi um sucesso e lotou a livraria. O multiartista conta que o evento foi a experiência mais gratificante que a música já lhe proporcionou.
O espaço da Livraria O Sebo é histórico e tem minha admiração desde que cheguei na cidade, em 2015. O evento foi também uma construção coletiva, o que é incomum para mim, que sou acostumado a fazer tudo sozinho, então fazer algo com outras pessoas foi de aquecer o coração. Nós lotamos os dois pisos do espaço, não tenho o número exato mas estipulo umas 110 pessoas. Uma coisa que me chamou a atenção foi a diversidade etária na plateia. Havia crianças e idosos assistindo. Me enche de alegria lembrar desse dia, foi uma experiência imersiva em que eu pude compartilhar um pouco do que é essa ideia complexa do telecorsa com várias pessoas e pude dar espaço para outras pessoas se expressarem. Tem uma foto de todos que fizeram parte da organização do show, oito pessoas, e metade deles são negros, algo que eu só fui perceber olhando para as fotos depois. Tenho muito orgulho disso ter acontecido numa cidade como Joinville.
relatou o multiartista.
Durante o show, vários artistas estavam presentes. Foram tocadas todas as músicas do disco, com a “Anunciação” de Alceu Valença e “Divina Comédia” de Belchior. A abertura da música “Falando Com Surdos!”, foi feita pela poeta Alice Frozz. Victor Sarmanho, vocalista da banda Four Fellas, se juntou a Edwin no palco para recitar um poema autoral ao fim da música “Diário da Sobriedade”, e Zalu Amorim, organizador do Slam Guará, abriu a música “Outubro no. 2”. Além de tudo isso, Alyne do Utopic Analogic, fez uma exposição fotográfica no andar superior da livraria com fotos feitas para a divulgação do disco.
Para acompanhar o trabalho de Edwin de Paula, o multiartista está presente no Instagram, além de que seu disco pode ser encontrado em todas as plataformas digitais, como o Spotify e o Deezer.