Estudantes catarinenses descobrem oito novos asteroides em um concurso da Nasa
Por Luiza Rodrigues
Os objetos astronômicos foram detectados pelos telescópios Pan-STARRS, pertencentes à Universidade do Havaí
Um grupo de jovens, integrantes do projeto de extensão ‘Meninas na Ciência’ da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou uma nova conquista – a descoberta de oito novos asteroides. O feito ocorreu como parte do concurso promovido pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) em colaboração com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Entre julho e agosto deste ano, oito estudantes catarinenses participaram das duas competições: nacional e internacional. Elas analisaram, de maneira remota, objetos em movimento no céu noturno e localizaram um asteroide que foi classificado com informações preliminares, na campanha promovida pelo MCTI. Outros sete foram encontrados pela equipe na campanha internacional, totalizando oito asteroides.
A competição de Caça Asteroides envolveu a observação e a identificação cuidadosa de objetos astronômicos que foram detectados pelos telescópios Pan-STARRS, pertencentes à Universidade do Havaí, disponibilizados no site do International Astronomical Search Collaboration (IASC). As imagens foram analisadas pelos participantes com o auxílio de um software especializado em busca, o Astrometrica.
Ana Lindsey Fernandes conta que ficou sabendo da campanha de Caça Asteroides do MCTI por meio do Instagram, além de conhecidos que haviam participado em outros momentos. Para Fernandes, a parte mais desafiadora do projeto Meninas na Ciência foi a análise crítica e a administração do tempo, “todos os projetos disponibilizados foram analisados com muita calma e atenção para que nada fosse enviado errado”, relatou.
A equipe é coordenada por Gabriela Kaiana Ferreira, doutora em Educação Científica e Tecnológica e professora do curso de Física da UFSC, composta pelas estudantes do ensino fundamental, médio e superior, integrada por: Ana Lindsey Nogueira Fernandes, Ana Isadora Calazans Martins, Vanessa Bitencourt Stuart, Helen Moreira Santos e Rafaella Amorim Rios. Elas foram orientadas por Caroline Conti e Julia Medeiros, bolsistas do projeto e acadêmicas do curso de Graduação em Física da UFSC.
O projeto “Meninas na Ciência” é uma iniciativa da UFSC e tem como objetivo estimular o interesse e a participação de meninas nas áreas de astronomia, física e matemática. Ele não apenas celebra a conquista das alunas, mas também destaca a importância de valorizar e incentivar a ciência no meio feminino.
Medeiros explicou que, para que as descobertas sejam oficialmente reconhecidas, os relatórios enviados pela equipe serão revisados e validados pelo IASC, para então serem submetidos ao Minor Planet Center, em Harvard (EUA).
Ela também enfatizou sobre a oportunidade que aguarda a equipe caso sejam reconhecidas oficialmente essas descobertas científicas. “Se forem confirmadas as detecções preliminares, as alunas que descobriram os asteroides poderão nomeá-los. Todo esse processo leva cerca de 3 a 5 anos para ser concluído.”
Astronomia uma paixão
Quando questionadas sobre a frequência de concursos, as alunas compartilharam que “Sempre buscamos atividades que possam ser de interesse do grupo de meninas que participam mais ativamente”, afirmou.
Elas estão participando também do programa “Imagens do Céu Profundo (LCO)”, promovido pelo MCTI em parceria com o IASC, nele as meninas também são motivadas aos estudos da Astronomia, por meio da observação e discussão sobre imagens do céu profundo, planetas e objetos menores. A equipe busca desenvolver atividades que incentivem o diálogo de saberes entre a academia e outros setores da sociedade através do ensino e da pesquisa.
Desafios e oportunidades
Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres que buscam carreiras na ciência, de acordo com a equipe, é o preconceito e os estereótipos de gênero. “Projetos de pesquisa coordenados por mulheres são concedidos uma quantidade menor de recursos em comparação àqueles coordenados por homens.”
No entanto, as jovens também servem como prova viva de que a paixão pela ciência e o comprometimento podem superar esses desafios, e estão determinadas a inspirar a próxima geração de mulheres na busca do conhecimento astrofísico.
Rotina Científica
Sobre a rotina da equipe, destacam-se a importância das reuniões entre a coordenadora e as bolsistas do projeto. Encontros semanais são feitos para tratar da organização das atividades a serem promovidas, como o cronograma e a produção de materiais para divulgação científica, de acordo com Julia.
Astronomia para leigos
Para quem deseja entrar no mundo da ciência e da astronomia, as acadêmicas enfatizaram a importância da curiosidade e do aprendizado contínuo. “É interessante iniciar a partir de uma pesquisa sobre a temática, realizar cursos de divulgação científica, ler livros e assistir produções que tratam de ciência e astronomia”, disse Medeiros. Em essência, sua mensagem foi clara: mantenha-se curioso, aprenda constantemente e aproveite a jornada de exploração do universo.
O que são asteroides?
De acordo com a explicação da própria equipe, asteroides são fragmentos que sobraram da formação inicial do nosso sistema solar há cerca de 4,6 bilhões de anos. Os mais comuns são compostos por argila e mineral silicato, mas também podem ser metálicos.
Eventos astronômicos em outubro
Outubro traz uma série de eventos astronômicos para aqueles que gostam de observar o céu noturno. Duas chuvas de meteoro e um Eclipse Solar Anular tornarão o mês intenso para os entusiastas da astronomia.
1. Chuva de Meteoros Draconídeas
As Draconídeas, associadas à constelação do Dragão, iluminarão os céus noturnos entre os dias 8 e 10 de outubro. Essas pequenas partículas cósmicas, são completamente desfeitas na atmosfera, proporcionando um espetáculo seguro para os observadores. Porém, é importante estar atento às condições meteorológicas para desfrutar dessa chuva de meteoros.
2. Eclipse Solar Anular
Em 14 de outubro, ocorrerá um eclipse solar anular, que será visível nas Américas. Durante esse fenômeno, a Lua se posicionará entre a Terra e o Sol, criando um anel de fogo. No Brasil, o eclipse poderá ser visto nos estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Ou seja, apenas no Sul o fenômeno será visível como um eclipse solar parcial.
O Doutor em Astrofísica Alexandre Zabot explicou os cuidados que devem ser tomados para assistir a este fenômeno de forma segura. “Recomenda-se usar aquelas lentes de máscara de solda ou filtros oculares durante o eclipse, nunca olhar pro Sol a olho nu. Isso evita que a retina queime.”
3. Chuva de Meteoros Orionídeas
Entre os dias 20 e 22 de outubro, as Orionídeas, associadas à constelação de Órion, irão dominar o céu noturno. O pico de chuva de meteoros é o momento ideal para observar as estrelas cadentes. Segundo Zabot, esses eventos astronômicos têm épocas específicas do ano e não apresentam riscos significativos para os observadores. “As pedrinhas são muito pequenas e se desfazem na atmosfera, então não representam perigo”, afirma o astrofísico.
Ele também apresenta dicas para quem quiser assistir às chuvas de meteoros: a chuva de meteoros está prevista para dia 21 de outubro; a observação acontece a olho nu (não é necessário telescópio nem binóculo); encontre a constelação de Órion para observar as estrelas cadentes cortando o céu ao longo da noite; quanto menos luz, melhor (a poluição luminosa é um fator que pode impedir a observação; verifique as condições meteorológicas; seja paciente (não é possível garantir quantos meteoros irá ver).