Segundo dia do Conipe contou com 142 trabalhos apresentados e 885 participantes inscritos
Por Dyeimine Senn Schlindwein
Evento contou também com o lançamento do livro “Construindo a Fonoaudiologia Neonatal no Brasil”
A noite de terça-feira, 17, foi dedicada à apresentação de artigos científicos e resumos expandidos. Foram 142 trabalhos apresentados e 885 participantes inscritos na 4ª edição do Congresso Integrado de Pesquisa e Extensão (Conipe) da Faculdade Ielusc. O evento registrou o maior número de inscrições de projetos acadêmicos em relação às edições anteriores. As apresentações foram divididas em 12 salas e por áreas de conhecimento: saúde, ciências sociais e ciências humanas. Para os resumos, o tempo de apresentação era de 10 minutos e para os artigos 15.
Fred Romano Franco, egresso do curso de jornalismo, apresentou um artigo “o rap como experiência cultural e do folkcomunicação” que contou com a orientação da professora e doutora Maria de Crispi de Moraes, coordenadora do curso. Nele, Franco faz um paralelo explicando como o rap, enquanto gênero musical e uma forma de cultura, é também uma forma de comunicação de um povo. “Eu falo um pouco também sobre a questão do paradoxo cultural baseado nos estudos de Bauman, que explica toda a questão da ambiguidade que a pode ter, da liberdade, da auto afirmação e de como o rap está inserido nisso”, relata Franco. A folkcomunicação é um estudo que foi pensado pelo doutor em jornalismo Luiz Beltrão de Andrade Lima. Para ele, a folk é um instrumento de comunicação feito pelo povo e para o povo. “Muitos artistas são marginalizados por causa do que eles falam nas letras das músicas”, destaca.
O mestre em Ciências da Comunicação Maurício José Melim, apresentou um estudo dos efeitos de sentido da fotografia dominante no Instagram. Ele conta que analisou centenas de imagens que são postadas diariamente, como memes, fotos, vídeos e figurinhas. “A questão que ainda me intriga é que tipo de efeito essas imagens têm sobre nós. Não tínhamos essa quantidade de imagens no passado, e agora lidamos com elas todos os dias”, reflete Melim.
Maurício usou como ponto de partida um trabalho feito pelo crítico de cinema e professor universitário nos Estados Unidos, Lev Manovich Moscou, que classificou e quantificou as fotos em três grandes categorias estéticas. A plataforma seria composta em sua grande maioria por fotos casuais, ou seja, feitas sem preparo técnico e que se contenta em registrar um momento, uma experiência vivida; as profissionais (que lidam melhor com a linguagem fotográfica e tem uma beleza clichê); e as designed (que são uma mistura de fotos feitas com apelo estético convencional e algo de inovador, adaptado ao regime visual das telas de celular).
De acordo com o professor, no Instagram, a grande maioria das fotos está preocupada com um olhar referencial. Ou seja, para a maioria dos usuários, as fotos servem para registrar um momento vivido ou um sentimento, que pode ser representado por uma selfie, uma foto com amigos, uma refeição ou um objeto doméstico. “A foto ‘casual’ não acrescenta informação ao mundo, ela apenas copia, por isso o título do trabalho é ‘Copiando o real’.”
As fotos profissionais e designed, que são minoritárias, acrescentam informação a aquilo que capturam. Por exemplo, não se trata só de capturar uma pessoa ou um local, mas fazê-lo a partir de um determinado saber fotográfico (melhor ângulo, luz, enquadramento, etc). Nas fotos profissionais, Melim percebeu a presença de códigos fotográficos e a preocupação de produzir uma ideia de beleza. Nas de designed, também notou grande preocupação estética, mas nesse último caso, os códigos usados não são apenas os da tradição, observou alguma novidade ligada ao formato das telas.
“Em termos semióticos, o que predomina nas fotos do Instagram é um regime centrado no objeto (referencial), seguido por um regime preso à tradição fotográfica (convencional) e por último um regime que dialoga com a tradição, mas também com a aspiração de algo novo, diferente em termos visuais (qualitativo)”, conclui.
Já Marine O’Hara da Silva Chiarelli, estudante da 8ª fase do curso de jornalismo, apresentou um um projeto desenvolvido por jovens indígenas da aldeia Piraí em Araquari (SC). O trabalho foi realizado durante a disciplina de Projeto Experimental e se baseou na combinação de linguagens, especialmente o audiovisual.
“A ideia surgiu da vontade de explorar o jornalismo Comunitário, com destaque na participação dos jovens na criação de resenhas audiovisuais que enriquecem a produção de significados e aprendizagem, fortalece a autoria, o senso de pertencimento e incentivo da reflexão sobre si mesmo e seu território”, descreveu.
O’Hara relata que se concentrou em estabelecer conexões entre o audiovisual e questões transversais, como o preconceito e a cultura, tendo como público-alvo especificamente os jovens do Ensino Médio. “O projeto foi dividido em várias etapas, iniciei com uma visita à comunidade, onde me familiarizei com a cultura e apresentei o projeto ao líder da comunidade, o Cacique, e a todos os presentes.”
A estudante de jornalismo também trocou experiências com os participantes para que pudessem compartilhar preferências pessoais e opiniões. Depois disso foi desenvolvido os roteiros, a criação do conteúdo dos filmes e por último as gravações e as traduções.
“Sinto que desenvolver esse projeto foi a pontinha do icebergs, que proporcionou um aprendizado e uma troca de experiência única. Ao passo que entendemos o ambiente estudantil como um espaço de troca, conhecimento e combate à desinformação, promovemos aos poucos, um processo de desconstrução e reconstrução do conhecimento sobre nós e o nosso território”, expressa Marine.
Seis oficinas ofertadas
Também foram oferecidas seis oficinas nesta edição sobre: inteligência artificial; receitas de lanches saudáveis e práticos para universitários; audiodescrição de imagens (AD); roteiro para podcast narrativo; pendências em projetos de pesquisa submetidos ao sistema Cep/Conep; e dicas de como elaborar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e um Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (Tale) dentro das diretrizes do Conselho Nacional de Saúde. Cada atividade prática teve cerca de uma hora de duração e qualquer pessoa podia participar, sem a necessidade de inscrição.
A professora de Planejamento e Gestão, do curso de Nutrição, Renata Carvalho de Oliveira, ofereceu uma oficina de lanches saudáveis e práticos para universitários. Entre as receitas estão: mousse de manga com maracujá, docinho de pasta de amendoim com leite em pó, pastel assado de carne moída com milho, sanduíche de pasta de frango com ricota e outro de pasta de frango, empanado de frango com ketchup caseiro, biscoito recheado, pasta de atum servido com torrada, suco de abacaxi, água aromatizada de uva com frutas cítricas e cookie de cenoura com chocolate. Tudo feito em uma hora.
“Juntos dos alunos da 6ª fase, pensamos em receitas práticas, com bastante vegetais, frutas, com pouca adição de açúcar. A ideia era fazer uma comida saudável e prática, porque ninguém quer ficar muito tempo na cozinha, o estudante universitário não tem tempo para isso.”
Lançamento de livro sobre fonoaudiologia neonatal
Além das apresentações, a segunda noite do congresso contou com o lançamento do livro “Construindo a Fonoaudiologia Neonatal no Brasil”, publicado pela editora Booktoy e organizado pela professora do curso de fonoaudiologia Fabiane Zimmermann. Composto por 16 capítulos, distribuídos em 284 páginas, o livro registra o percurso e a solidificação de diretrizes formais da área hospitalar, além do estado da arte da ciência, ao expor e atualizar conceitos de avaliação da prontidão oral e de triagem auditiva em seus desdobramentos clínicos no início da vida.
Estavam presentes na cerimônia de lançamento a presidente do 4º Conipe, Marilyn Gonçalves Ferreira, o diretor de ensino superior da Faculdade Ielusc, o professor mestre Paulo Aires, familiares, amigos e convidados da autora. A mestre de cerimônia foi a aluna da 6ª fase do curso de jornalismo Hayana Donati Ribas.