Jornalistas enfrentam desafios em atual modelo de trabalho
Por Camila Vieira
Análise de dados, edição de vídeo e produção de conteúdos são habilidades exigidas pelo mercado de trabalho jornalístico
O campo do jornalismo está passando por uma transformação significativa. Com a ascensão da tecnologia digital e das redes sociais, os jornalistas agora enfrentam a necessidade de se adaptar a um ambiente de notícias em constante evolução. Dados da consultoria americana de análise de mídia Comscore apontam que 126 milhões de brasileiros consomem notícias através de seus dispositivos online, sendo o Instagram a rede social mais utilizada para o recebimento de informações, com 64% das interações por conteúdos informativos. Já o “X”, antigo Twitter, é a rede social mais utilizada pelos veículos de imprensa para o compartilhamento de informações. Assim o processo jornalístico precisou se adaptar às maneiras que o consumidor usa para se informar, adotando o imediatismo das redes sociais em sua rotina diária.
O jornalista, mais do que nunca, necessita não somente encontrar meios de noticiar de forma mais rápida e correta possível, e em diversos formatos, como conhecer o seu público, saber qual informação se torna necessária para ele no seu lugar de convívio, para assim impactar com a notícia proposta. “A nós jornalistas, cabe entender em qual momento da vida da pessoa queremos informar, nós vamos entrar. É pensar a jornada desse consumo mesmo. Uma coisa que a gente estuda muito em marketing, em publicidade, mas que o jornalismo a gente ainda não trouxe pra gente”, avalia a professora de jornalismo digital, Marina Adriano de Andrade.
Algumas habilidades além da produção de textos também são exigidas do jornalista atualmente, como a capacidade de se entender e organizar dados, edição de vídeos, produção de conteúdos e etc. O profissional precisa estar capacitado para atuar e publicar nos diversos meios de comunicação que os veículos usam para estar em contato com seu público, como comenta Mikael Melo, repórter na NDTV e criador de conteúdo. “Toda a nossa cobertura factual é pensada em todos os âmbitos possíveis, sendo que nós temos TV, rádio, o jornal impresso em Florianópolis e temos o portal que é o mais lido de Santa Catarina e um dos mais lidos do Brasil.”
A formação desses jornalistas atualmente
Com a necessidade dos jornalistas de estarem preparados para esses diversos caminhos e habilidades exigidos pelo mercado, veio a carência das instituições de ensino, de se adaptar a essas diretrizes do perfil jornalístico, já que certos aspectos das matrizes curriculares não se encaixar com o que os alunos encontravam assim que saiam das salas de aula. Como conta o egresso da faculdade de jornalismo do Ielusc, Kevin Eduardo, “A faculdade me deu uma base muito legal principalmente para produção de vídeo, mas em relação a ser multimídia, eu aprendi muito mais no mercado de trabalho a ser esse profissional, porque querendo ou não, hoje é uma exigência do mercado você ser um profissional multimídia”.
A faculdade então decidiu a partir do ano letivo de 2022, mudar a grade do curso, implementando novas matérias como “produção audiovisual”, no lugar de “telejornalismo”, e “narrativas sonoras”, para substituir “rádio”. “O que o Ielusc fez foi promover mudança na sua matriz curricular, a essência do jornalismo é a mesma, ela permanece, os seus valores éticos, a questão da boa curadoria, e você ter que ter um bom texto, isso é básico, fundamental. Mas a gente mudou a nova matriz pensando justamente em atender o que hoje o mercado pede.” Comenta a coordenadora e professora do curso de jornalismo Marília Crispi de Moraes.
A coordenadora também ressalta os bons resultados observados até agora, já que a instituição ainda possui uma turma na metade do curso com a matriz antiga, e duas turmas com a matriz nova. “A gente tem percebido, por exemplo, com edição audiovisual. É uma disciplina que a gente já tem no primeiro semestre, que não temos na matriz anterior. As pessoas tinham uma breve noção de edição, mas não tinham uma disciplina específica para edição. Hoje, você saber editar um vídeo é algo básico, é algo que quando o aluno consegue lá o seu estágio, já é pedido, já é solicitado para ele”. Essa foi a maneira encontrada pela instituição de inserirem seus novos alunos, nesse mercado que está em crescente repaginação.