Presença feminina nos eSports influencia as novas gerações
Por Caroline de Apolinário
Game Brasil (PBG) mostra que mulheres representam 51.5% dos Pesquisa internautas brasileiros que jogam online
Desde os primeiros pixels em preto e branco até os ambientes virtuais de alta definição, os jogos eletrônicos têm uma história que se estende por sete décadas. A evolução dos jogos é uma saga que reflete não apenas o avanço da tecnologia, mas também a maneira como eles se tornaram uma parte importante na vida das pessoas.
A história dos jogos eletrônicos começa com uma máquina nomeada de “Tennis for Two”, que foi criada em 1958 pelo físico William Higinbotham no Laboratório Nacional de Brookhaven, nos Estados Unidos. Este jogo de tênis em uma tela osciloscópica – uma ferramenta que permite visualizar um sinal elétrico na forma de um gráfico – abriu caminho para o desenvolvimento de jogos eletrônicos.
A estudante de design gráfico Camila Beatriz Verli, 20, mora em Joinville/SC e teve o primeiro contato com o mundo dos games quando era criança. Seu estilo favorito são os de First Person Shooters (FPS) – subgênero de jogos de tiro – ou algo relacionado a Role-playing game (RPG) – onde jogadores assumem papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente -. “Como a maioria dos irmãos caçulas, posso dizer com propriedade que a maior influência na categoria jogos veio do meu irmão mais velho. Desde o Nintendo 64 ao Playstation 2, indo pro Xbox 360, a função do irmão mais novo é assistir seu irmão jogar por horas”, disse Camila.
Nos jogos existem muitas personagens femininas que são referência para quem joga. Camila considera KillJoy do valorant a sua favorita, “acho a jogabilidade dela perfeita como sentinela. A função dela é proteger a área.” Porém, explica que ainda é muito complicado dar uma opinião sobre a ‘imagem’ das personagens, “tudo irá depender do jogo e a sexualização é algo real, quase que uma regra. Muitas vezes elas só são usadas como uma porta de entrada para que o personagem principal consiga fazer o que precisa. Um exemplo de jogo em que o personagem principal é uma mulher, é Lara Croft: Tomb Raider, um clássico”, explica a estudante.
Mulheres que fazem conteúdos sobre games na internet como Nyvi Estephan e Nicolle Merhy estão abrindo portas para as novas gerações e “ter mulheres tão incríveis faz com que pessoas como eu se inspirem para alcançar mais espaços que ainda não conquistamos nesse meio”, completa Lina Hall, 24, streamer na Twitch, uma plataforma de streaming de vídeos ao vivo, conhecida por ‘roxinha’ pelos usuários.
Espaço e representatividade
Com a expansão da internet de banda larga, títulos como “World of Warcraft” e “Counter-Strike” tornaram-se acessíveis e dominaram o cenário. A estudante de publicidade Helen Cerqueira, 20, natural da Bahia, conhecida pelo seu apelido Yariax, foi introduzida ao mundo dos jogos aos oitos anos com o Super Nintendo.
A Ignis Cup em 2022, foi o primeiro circuito feminino oficial de League of Legends (LOL) no país que buscou dar visibilidade ao cenário feminino como um todo, acolhendo mulheres cis, trans, travestis e pessoas não-binárias que buscam participar de torneios profissionais, atuar como casters ou analistas do Multiplayer Online Battle Arena (MOBA). “O LOL demorou dez anos para ter alguma coisa. E isso precisa acontecer para que lá na frente a gente tenha um campeonato misto sem que precise ter que incluir ninguém”, afirma Helen.
A organização americana Wonder Women Tech, em parceria com a Women Up Games e a Boot Kamp, foi a responsável por criar a campanha #MyGameMyName – meu jogo meu nome, na tradução – para conscientizar os jogadores sobre o assédio e bullying sofrido por mulheres nos games. Através de uma postagem feita no Twitter, Yariax contou uma situação que ocorreu durante o jogo Valorant no começo desse ano. No vídeo publicado, a gamer estava em uma partida e seus aliados de equipe viram que seu nome era feminino e começaram a disparar discursos machistas. Como legenda no tweet, ela comenta “acabei de ter a pior partida da minha vida e tô chorando.”