Festival Armageddon chega a Joinville
Por Fagner Ramos
Apesar dos desafios, Heavy Metal faz do rock um estilo ainda relevante para todas as idades
O festival Armageddon, voltado ao Heavy Metal, chega em Joinville no dia 18 de novembro, trazendo nomes de peso do estilo mundial e brasileiro, unindo o clássico ao novo e reforçando a força do estilo na cidade.
Agendado para 2022, o festival foi adiado devido ao cancelamento da banda principal, Venom Inc, e agora em 2023, traz em seu cast o Abbath, banda norueguesa de remanescentes do Immortal. Haverá também apresentações do Angra, banda brasileira mundialmente conhecida, e dos cariocas do Dorsal Atlântica, uma das principais bandas do Thrash Metal nacional e influência para bandas como Sepultura e Korzus, além de mais 10 atrações.
Fazer um evento desse porte em Joinville é um desafio, conforme relato de Fernando Zimmermann, 37, criador do festival. “Os esforços são vários, não adianta você somente querer e ter dinheiro. Você precisa de pessoas e parcerias honestas ao seu redor para que tudo funcione. O meio underground e médio porte, existem muitas pessoas que não são profissionais e isso acaba atingindo na totalidade. Aqui no Brasil, o custo para um festival é muito alto, a logística no Brasil a cada ano que passa fica um absurdo, preços abusivos. Eu diria que hoje é um risco enorme, e tem que ter muita cautela para repassar esses custos no valor do ingresso”.
Joinville Rock and Roll
Não é só o Armageddon Fest que levanta a bandeira do rock na cidade. Eventos paralelos como o Black Stoner Fest, lojas de discos como a Rock Total Discos ou a loja de roupas e acessórios Escambau, e locais para shows como a Casa Raul, fazem de Joinville um celeiro do rock e rotas de artistas do gênero.
Vale citar bandas que movimentam a cena rock, como o Zombie Cookbook que acaba de lançar um novo disco intitulado Horroris Causa, e os alternativos do Somaa, que estão há 12 anos na cena e acabaram de disponibilizar o álbum Antena.
Para Fernando Camacho, 52, dono do selo Black Hole Productions que nasceu como um fanzine em 85, e já foi revista impressa, site, e agora selo e distribuidora, algumas ações são necessárias para manter Joinville viva no rock. “Santa Catarina é berço de vários festivais e shows, alguns acontecem aqui por perto e em Joinville. Temos vários produtores locais, selos, lojas, programas de rádio que sem dúvida realizam uma ótima promoção de nossas bandas e da música pesada em geral, e ajudam a impulsionar e manter a cena local viva e forte. Organizo o BLACK HOLE FEST, onde tocam bandas do selo e algumas bandas convidadas”.
O fim está próximo?
O rock é atualmente relacionado a um estilo para pessoas mais velhas, e isso reflete nas bandas com 30, 40, 50 anos de estrada e nos públicos que as consomem. Para Fernando Zimmermann, em partes esse estigma tem razão. “Acredito nas novas gerações, dependemos dela para continuarmos em frente. Falando pelo lado de produtor, eu digo, é de velho! Pois é um trabalho enorme fazê-los tirar de casa, pagar ingressos. Temos que ter um cronograma apertado e cedo, pois muitas bandas não tocam mais depois das 23h e público também não quer ficar mais até muito tarde”.
Há meio século a mídia decreta o fim do rock. Começou em 1959 na tragédia de avião que culminou na morte de Buddy Holly, Ritchie Valens. Depois com o fim dos Beatles em 1970, a morte de Elvis Presley em 1977, e de Kurt Cobain em 1994, além de meados dos anos 2000, a perda de popularidade para outros estilos.
Para Fernando Camacho, isso não é relevante, “Existe tanta coisa para se pensar e que nos leva a acreditar que o rock vive, que nem dou muita atenção. Pode ser que não seja um gênero musical mais popular hoje em dia. Para quem pensa que o rock morreu, peço que vá em algum festival ou show e ficará assustado com a vitalidade deste senhor que possui fãs apaixonados que não deixam o estilo morrer.”