Preparatório gratuito para ingresso em pós-graduação é o novo projeto do Movimento Negro Maria Laura
Por Camilly Vitoria Antunes
O preparatório Pré-pós Inserção iniciou suas atividades em Joinville no mês de maio, com uma aula inaugural na ACE – Faculdade Guilherme Guimbala. Esse projeto é idealizado pelo Movimento Negro Maria Laura e tem como objetivo a inclusão de mulheres negras, pessoas de baixa renda, LGBTQIAP+ e indígenas na pós-graduação.
Leonardo Quintino, advogado, mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), coordenador e orientador do Pré-pós Inserção, contou que o preparatório irá orientar a como interpretar editais, entender as linhas de pesquisa de cada universidade, escolha de orientador e como se portar na entrevista. “São mais orientações de como ingressar, do que propriamente a formação da pessoa, porque isso ela vai conseguir depois”, destaca o coordenador.
Felipe Cardoso, formado em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Ielusc, mestrando em Comunicação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), militante do Movimento Negro Maria Laura e coordenador do preparatório conta que para os próximos anos, eles pretendem iniciar com as novas turmas no período de fevereiro, porque a maioria dos processos seletivos para cursos de mestrado e doutorado acontecem na metade do ano.
“A gente quer que antes do processo seletivo começar, a pessoa já esteja com as documentações reunidas, já esteja com o projeto pronto, e já esteja começando a estudar para a prova, quando tiver prova, ou já esteja com o memorial descritivo pronto”, explicou o coordenador.
A ideia para iniciar o projeto Pré-pós Inserção surgiu em 2017 através de provocações da professora Jeruse Romão, da escola Afro Popular Leonor de Barros, para que houvesse mais pesquisa e escrita sobre a população negra em Joinville. Foi através disso e do apoio que Felipe recebeu durante o seu processo para ingressar no mestrado, que a tarefa de ajudar outras pessoas a passarem pelo mesmo processo deveria ser cumprida.
Felipe relatou que quando o edital foi lançado e as inscrições abriram, eles tiveram como prioridade selecionar mulheres negras e LGBTQIA+, e quando essas pessoas já haviam sido selecionadas, foi por sequência de inscrição. Leonardo completou: “Como é um programa estruturado a partir do Movimento Negro Maria Laura, ele é atravessado por essas questões de raça, classe, gênero e etnia. Então esses eram os critérios principais.”
Leonardo destacou que a lógica do Pré-pós Inserção é que após a formação das pessoas, elas devolvam esse conhecimento à própria comunidade de onde elas partiram. Ele disse que é um projeto coletivo que não permanece apenas como interesse pessoal. “Não só atuando profissionalmente, mas também refletindo sobre o mundo, trazendo perspectivas diferentes, trazendo um olhar crítico sobre o mundo.” complementou.
A participante do preparatório, Andressa da Silva Maria (28), psicóloga e professora do ensino médio relatou que ficou sabendo do projeto através do Senegão, time de futebol idealizado pelo Movimento Negro Maria Laura, no qual ela joga no time feminino, o Senegronas. Ela relatou que seu interesse de escolher se inscrever para o Pré-pós foi porque gostaria de ingressar no mestrado. “Quando apareceu a possibilidade do cursinho, eu achei uma ideia fantástica, porque poderia ter essas trocas, tirar mais dúvidas e receber mais dicas”. Andressa também contou que suas expectativas foram atendidas logo no primeiro encontro. “O pessoal se ajudar, acho que isso diz muito sobre o Movimento Negro e a ideia do próprio curso”.
No início de junho ocorreu o segundo encontro virtualmente, onde foram realizadas orientações para o processo de seleção dos programas de pós-graduação. Leonardo explicou que cada participante será vinculado a um orientador após o terceiro encontro, e assim serão orientados durante o processo de seleção nos programas de Mestrado, tirando dúvidas e recebendo o devido apoio.