Após 13 anos, Santa Catarina vai atualizar lista de animais em extinção: “Aves estão ameaçadas”
Por Niro Souza e Vinicius Tóffoli
Em 2011, lista do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina apontou 261 animais em vulnerabilidade
Mais de 13 anos depois, Santa Catarina vai voltar a ter uma lista atualizada das espécies que enfrentam risco de extinção no estado. Os dados, atualizados pela última vez em 2011, devem incluir animais cuja sobrevivência está ameaçada devido a vários fatores, como destruição de habitat, poluição e mudanças climáticas.
O trabalho da atualização é coordenado pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina. O processo de atualização conta com a colaboração de uma rede de pesquisadores e especialistas nos grupos taxonômicos que serão avaliados, incluindo representantes de diversas instituições de ensino e pesquisa do país, que devem revisar os dados disponíveis, avaliar o status atual das espécies e propor ajustes necessários à lista.
A bióloga Luthiana Carbonell dos Santos, profissional da área de Biodiversidade e Florestas do IMA, é uma das responsáveis pela atualização da lista de animais em extinção. De acordo com ela, o trabalho de pesquisadores é fundamental para o desenvolvimento da pesquisa.
– Sem esses especialistas é praticamente impossível. São eles que detêm as informações das espécies, então, o IMA reúne todas essas pessoas, e só assim a gente consegue atualizar os dados – disse a bióloga.
A pesquisa para atualização dos animais em extinção é ranqueada de acordo com três critérios, assim como foi feito na lista de 2011: Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU).
Em 2011, das 1,9 mil espécies avaliadas, 71 espécies foram consideradas criticamente ameaçadas, 68 espécies consideradas em perigo e 122 consideradas vulneráveis, totalizando 261 espécies ameaçadas no estado. Conforme apontou o estudo, o grupo de aves foi o que mais se apresentou ameaçado, sendo 97 espécies no total.
– Isso é proporcional ao conhecimento que se tem dos especialistas sobre as aves, que estão ameaçadas. Esses animais são vertebrados e são mais impactados pelas atividades humanas – explica Luthiana.
A última lista atualizada também apontou oito espécies consideradas extintas regionalmente em Santa Catarina: Arara-azul-pequena, ariranha, cervo-do-pantanal, ema, góbio-néon, japu, pato-mergulhão e tamanduá-bandeira.
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Segundo a bióloga, há risco de novas espécies entrarem para este grupo na nova atualização do IMA.
– Uma espécie é considerada regionalmente extinta quando não se tem mais expectativa de encontrá-la na natureza. Tem o caso do bugio, que não está extinto do estado, mas ele é considerado extinto em Florianópolis. A lista também é importante para projetos de reintrodução – disse.
Fatores humanos são os que mais causam extinção de animais
Fatores que causam a extinção de espécies, ocasionando na perda da diversidade, podem acontecer de forma natural, ao levar até milhões de anos para ocorrer. Mas, conforme o estudo do IMA, a ação humana vem acelerando esse processo nas últimas décadas.
Atualmente, as maiores causas de extinção consideradas são a degradação de ambientes naturais, a conversão e a fragmentação dos habitats, decorrentes da expansão urbana, agricultura, pecuária, poluição e incêndios, e a escassez de abrigos, de sítios reprodutivos e de alimentação.
– Existem muitos estudos publicados mundialmente sobre as principais causas de perda de biodiversidade no mundo. A principal é a perda de habitat, ou seja, você tem uma floresta ou um rio, por exemplo, que são ambientes naturais, e agora se construiu uma cidade. É um fator de influência humana, além da caça e a coleta também – explica Luthiana.
O trabalho de atualização do IMA, da lista de animais em extinção, deve ser finalizado até o fim de 2024, conforme expectativas do instituto.