Jornalismo: temas distintos e vibrantes marcam a 4ª noite de bancas
Por Caroline de Apolinário e Camila Bosco
Na noite de quinta-feira, 5, dois acadêmicos de Jornalismo da Faculdade Ielusc apresentaram suas monografias para orientadores e convidados. Os trabalhos abordaram temas distintos, mas igualmente vibrantes e apaixonantes para qualquer aluno que escolhe o curso. Bárbara Siementkowski explorou o audiovisual do “show da vida” com o tema “Análise dos recursos narrativos utilizados na série de reportagens especiais Projeto Inocência do Fantástico”. Em seguida, Vinícius Toffoli apresentou um tema relacionado à modalidade preferida da maioria dos estudantes: o jornalismo esportivo, com o título “Glória Eterna: como o jornalismo esportivo do ge.globo cobriu os títulos do Flamengo e Fluminense na Libertadores”.
Ao explorar os recursos narrativos no telejornalismo, a monografia de Bárbara se baseou no primeiro e no quarto episódio da série ‘Projeto Inocência’, que acompanha uma rede internacional de advogados voluntários dedicados a casos de pessoas presas injustamente. A pesquisa analisou como a construção de personagens, o conflito, o enredo, a imagem e o som podem influenciar na criação de estigmas sobre a população carcerária e, ao mesmo tempo, contribuir para o enfrentamento desses preconceitos.
Bárbara fundamentou seu trabalho com o conceito de estigma de Erving Goffman e com os estudos de Stuart Hall e Kathryn Woodward sobre identidade e diferença. A metodologia adotada foi a Análise Pragmática da Narrativa, de Luiz Gonzaga Motta, aplicada à construção dos personagens retratados nos episódios.
Segundo sua análise, a narrativa na reportagem possui um grande potencial humanizador. Focando no sujeito, ela cria uma identificação com a audiência por meio de relações familiares e depoimentos de pessoas com vivências reais. No entanto, também observou que os episódios da série não questionam as políticas públicas ou apresentam soluções concretas para os problemas abordados.
Entre as motivações para a escolha do tema, destacou sua paixão por contar histórias através do jornalismo, mencionando também o impacto emocional do programa Fantástico, da TV Globo, nos telespectadores. Para Bárbara, as contribuições que a pesquisa trouxeram para sua trajetória acadêmica e para o jornalismo foram, principalmente, sobre a importância de entender a fundo sobre os recursos narrativos e os efeitos que eles causam.
Orientada pelo professor Hendryo Anderson André, Bárbara recebeu nota máxima. A banca examinadora, composta pelas professoras Maiara Maduro e Marília Crispi de Moraes, destacou a qualidade da escrita, a relevância do tema e incentivou a divulgação da pesquisa em congressos.
Vinícius dribla a banca e brilha com TCC sobre jornalismo esportivo
Por Fagner Ramos
Demonstrando a confiança de um bom boleiro que entra em campo sabendo o que fazer, Vinícius fez uma análise da cobertura de um dos maiores veículos esportivos do Brasil, o ge.globo (site esportivo Globo Esporte). Logo de início, partiu para o ataque com a pergunta: “Até que ponto o site conseguiu ser imparcial?” Sua análise, baseada em dados e métodos quantitativos e qualitativos, revelou o quanto é desafiador para um veículo e para os profissionais que cobrem determinados clubes, equilibrar a paixão futebolística “presente” nos textos com a imparcialidade exigida pelo manual do jornalismo tradicional.
Analisando as matérias pós jogo do site ge de dois dos maiores clubes do Rio (dizem que são do Brasil) durante a cobertura das libertadores 2022 e 2023, Vini, como é conhecido entre os parças, estudou o formato em tempo real do site esportivo, o conteúdo multimídia das matérias, expressões e adjetivos para formar narrativas, possíveis opiniões no corpo dos textos, frequência de menções a jogadores de Flamengo e Fluminense e até a quantidade de fotos e vídeos para cada lado. Um verdadeiro Paulo Vinícius Coelho (PVC) das monografias.
Aliás, o PVC foi um dos referenciais teóricos utilizados por Vinícius para embasar seu TCC.
Porém, assim como o futebol é uma caixinha de surpresas, Vinícius recorreu a citações de duas referências clássicas do jornalismo esportivo: o rubro-negro Mário Filho, criador do termo Fla-Flu, e o maior tricolor entre todos os tricolores, Nelson Rodrigues. Suas reflexões fizeram com que todos na sala se questionassem sobre a dificuldade de ser jornalista, ter um clube de coração e ainda assim equilibrar paixão e imparcialidade.
Na reta final, com o apoio da “comissão técnica” — Marília e Hendryo —, Vinícius lançou luz sobre a questão: será que falar de esportes no jornalismo exige, de fato, total imparcialidade?
Com um apanhado histórico bem construído, entrevistas com setoristas, uma avalanche de dados e uma excelente estrutura em sua monografia, Vinícius foi amplamente elogiado pelos críticos da banca e eleito o “nome do jogo” pela técnica Maiara Maduro. Aprovado, aprovadíssimo. Agora, é correr para o abraço. Enfim, jornalista.
O último dia de bancas acontecerá nesta sexta-feira (6), com início às 17h30, quando William Souza abrirá as apresentações, seguidas por Malu Silva e Sandy Mahs.