Abelhas sem ferrão conquistam novos criadores
Por Giovanna Marques, Júlia Moloies e Maria Luiza Pacheco
As abelhas sem ferrão estão cada vez mais populares, atraindo novos criadores. A Apis mellifera pode ser criada no quintal de casa, pois não oferece risco para as pessoas. O cultivo desses insetos é chamado de meliponicultura e está cada vez mais popular no Brasil, afirma a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas em textos publicados.
Para muitos meliponicultores, essa atividade é um “hobby ecológico” que proporciona diversos benefícios: desde uma forma de terapia até um leque de opções de fonte de renda, além de colaborar ainda com a preservação do ambiente.
Essa popularização pode ser motivada por vários fatores, como explica Rinaldo Marques, 45, que cultiva abelhas em sua casa há três anos. “Criar essas abelhas não demanda um cuidado diário, é bem viável.” Segundo ele, esses agentes da natureza atuam na polinização de flores e árvores frutíferas da sua própria casa e regiões próximas.
O meliponicultor possui 35 caixas de 13 espécies diferentes. Rinaldo conta que estuda constantemente e consome conteúdos que outros produtores compartilham na internet. “Para quem tem o interesse de iniciar a meliponicultura, meu principal conselho é que busque pelo conhecimento básico. É uma responsabilidade ambiental importante, não pode fazer de qualquer maneira”, finaliza.
Importância ecológica
As abelhas são polinizadores, fazendo com que a vegetação ao redor cresça e prospere. “Elas aumentam muito a produtividade de frutas e flores”, afirma Éden Federolf, Bacharel em Ecologia pela UCPel, que atua há 12 anos na área e é responsável pelo meliponário Quest. Diferentes espécies polinizam diferentes plantas, ampliando a diversidade.
As abelhas sem ferrão são divididas em duas grandes tribos: a Trigonini e a Meliponini. Cada tribo possui uma estrutura que a identifica na entrada do ninho. A Trigonini constrói um pito com cerume na entrada e a Meliponini faz raios salientes de barro ou geoprópolis ao redor da entrada que, por sinal, permanece sempre protegida pelas sentinelas.
Atualmente, há diversos meliponários na região de Joinville, como o Quest, que virou um “santuário” para as abelhas. É um lugar para acampamento em família, ideal para tirar um tempo da vida corrida da cidade. As abelhas servem de incentivo aos visitantes para apreciarem como elas trabalham e saírem inspirados da visita.
Assim como os humanos, as abelhas também são afetadas pela poluição e pela degradação do ambiente. Além de riscos naturais, como os predadores, elas sofrem com a urbanização e industrialização crescentes, que provocam desmatamento de florestas e poluição. A Bugia, uma espécie nativa da região de Joinville, está em risco de extinção, pois seus ninhos são feitos em árvores grossas, normalmente usadas para produção de madeira.
Empreendedorismo
A criação de abelhas sem ferrão também proporciona uma fonte de renda para muitas famílias. Paulino Padilha de Lins, 62, é um meliponicultor, e dono do Meliponário Padilha. “Amo cuidar das abelhas, já são mais de 50 anos me dedicando a isso”, relata. Ele possui mais de 100 caixas de variadas espécies.
As abelhas nativas produzem cerca de 1 kg de mel por ano, enquanto as abelhas com ferrão produzem, em média, 15 kg anualmente. A vantagem está no manejo, que é mais barato e não exige roupas e equipamentos especiais.
Entre as possíveis fontes de renda estão o mel, o própolis (mistura de barro e resina que veda a caixa e tem uso medicinal), o atrativo (solução de própolis e mel, utilizada nas iscas e também um método de atrair enxames na natureza) e ainda a fabricação de caixas, com preços que variam de R$ 50,00 a R$100,00.
Os interessados em saber mais detalhes sobre a criação das abelhas sem ferrão ou em visitar os meliponários, podem entrar em contato com os produtores através dos contatos:
● Éden Federolf: (47) 99221-0430
● Paulo Padilha: (47) 98825-5540