
Missão Impossível 8: Tom Cruise X Chat GPT
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
A cada dia que passa, o apocalipse das máquinas parece mais próximo. I.A.s que criam vídeos com voz, fake news se espalhando mais que a COVID, bonecos sendo tratados como bebês de verdade… e a lista segue. Focando nos perigos da inteligência artificial, Hollywood se perguntou: QUEM PODERÁ NOS SALVAR?
Tom Cruise! O polêmico cientologista, conhecido por não envelhecer e por ter “salvado” os cinemas em 2022 com o sucesso Top Gun: Maverick, volta aos holofotes com o mais novo Missão Impossível, que prometia não apenas tirar o fôlego de todos, mas também encerrar a franquia com chave de ouro – claro, isso se o longa corresponder às expectativas financeiras do estúdio!
Dito tudo isso, Missão Impossível 8 ainda tem gás para empolgar seu público? Eu diria que sim, mas a franquia já demonstra fortes sinais de fadiga. Começando pelo lado positivo: Tom Cruise – aqui também como produtor – entrega a performance de uma vida. Todos esses anos interpretando Ethan Hunt não o fizeram cair no desleixo, mas muito pelo contrário, parecem ter apenas dado mais ambição para o ator extrapolar os limites da ação em tela. Hailey Atwell não apenas se destaca pela beleza exuberante, mas também por todo o carisma e charme que entrega em cena, tornando-se uma das minhas adições favoritas ao elenco da franquia em muito tempo. No mais, os demais membros do elenco mantêm o nível alto.
Do outro lado do espectro, o vilão Gabriel (péssimo nome para o antagonista, inclusive), interpretado por Esai Morales, tem o carisma de uma porta, não cativando nem o espectador menos exigente. Além disso, Pom Klementieff é mal aproveitada, sendo reduzida a frases de efeito em francês e carões pomposos.
O que realmente faz o longa valer a pena são as cenas de ação, que se concretizam com facilidade como algumas das mais espetaculares que já tive o prazer de assistir no cinema. O escopo e a criatividade dos set pieces beiram o inacreditável, com Tom Cruise fazendo o impossível para tirar o fôlego do espectador (trocadilho intencional).
A duração poderia ser 30 minutos menor, assim como alguns diálogos não têm necessidade alguma – estão ali apenas “enchendo linguiça” e reforçando informações que o espectador já entendeu em outras cenas. Outro problema é o abuso do “instante decisivo”, que exige muita suspensão de descrença do público, além de quebrar com qualquer sinal de verossimilhança que essa franquia um dia já teve (mesmo que pouco – afinal de contas, estamos falando de Missão Impossível). Além disso, algumas das ligações com outros filmes da franquia soam forçadas, usando inserts cafonas e mal introduzidos. Por isso, a montagem acaba sofrendo um pouco, cansando o espectador em certos momentos e, logo em seguida, empolgando como nunca com algumas das cenas mais incríveis da história do cinema.
A trilha sonora se mantém deliciosamente energética, assim como os visuais. A direção de Christopher McQuarrie, embora não tão eficaz quanto em longas anteriores, permanece cheia de energia e demonstra um excelente comando para a ação.
Portanto, é até difícil dar uma nota para Missão Impossível: O Acerto Final, já que seus acertos são tão especiais e dificilmente encontrados em outros filmes. Em compensação, seu frágil roteiro, somado a uma edição bagunçada e callbacks desnecessários, tornam a experiência de quase 3 horas um pouco cansativa. Ainda assim, é um longa muito acima da média, que merece ser assistido na maior tela possível.
Avaliação: ⭐️⭐️⭐️⭐️ / 5