
Joinvilense transforma paixão por mangás em negócio de sucesso no mercado geek
Com atuação na Feira do Livro de Joinville, loja atrai jovens leitores e valoriza a cultura dos mangás
Por Sarah Falcão, Bruna Borges e Stefani Junge
Os leitores de mangás estão cada vez mais ativos no mercado. A joinvilense Amanda Belato, de 29 anos, criadora da Amora Book Store, tem se destacado com vendas em crescimento, impulsionadas pelo fortalecimento da cultura geek e pela popularização dos quadrinhos na cidade.
Amanda é formada em administração de empresas e começou com o empreendimento quando tinha apenas 16 anos. Ela estava no segundo ano do ensino médio e teve a ideia de vender toda sua coleção para dar os primeiros passos no mercado.
De acordo com a jovem, um dos maiores desafios no início de sua trajetória com a loja foi lidar com a desconfiança do público por ser menor de idade. “Eu estava com 16, então o pessoal não tinha confiança de uma menor de idade recebendo dinheiro e fazendo os envios certinhos. Foi um grande desafio, mas eu criei um nome forte nas redes sociais”, relembra.
A estratégia digital foi essencial para o fortalecimento da loja. A Amora Book Store nasceu como um perfil virtual e, com o tempo, se tornou referência no nicho.
“A Amora foi o primeiro sebo especializado em mangás do Brasil a começar no Facebook”, destaca.
Segundo a joinvilense, o nome da loja surgiu a partir de um apelido do ensino médio. “Amora é o apelido que me deram no ensino médio, que é amor+a. Porque dizem que eu sou um amor”, conta,rindo.
Importância da presença na Feira do Livro de Joinville

Para a empreendedora, a presença da loja no evento fortalece a procura dos jovens por livros e produtos do nicho. Amanda acredita que é uma forma dos jovens darem mais importância aos mangás.
“Tem se perdido entre gerações o hábito da leitura, e o mangá e o quadrinho resgatam isso. No ensino médio colocam muitos livros que a gente não quer ler, e se força a algo, uma literatura, às vezes que a criança, o adolescente não quer, e eles perdem esse gosto. Então os mangás resgatam isso”, afirma.
Neste ano, a dona da Amora Book Store trouxe novidades para o evento. “Fizemos o primeiro concurso de K-Pop da feira. Foi o quarto ano do concurso de cosplay, mantendo a tradição, e o terceiro encontro Pokémon da feira também. Teve muito mangá, esse ano eu exagerei “, revela.
A cada edição da Feira do Livro, a joinvilense percebe um crescimento no número de vendas e leitores. “Apesar de o brasileiro estar lendo cada vez menos, os mangás têm ganhado cada vez mais leitores, e eu tenho faturado mais com isso também, fico feliz”, conta Amanda.
A percepção da jovem é confirmada por dados recentes. Em 2024, os mangás representaram 71% dos títulos mais vendidos no país, segundo levantamento da PublishNews.
Nicho ainda masculino?
Mesmo com o crescimento do mercado de mangás no Brasil, Amanda ainda se vê como uma exceção quando o assunto é a presença feminina à frente de lojas especializadas.
“São poucas mulheres, de loja de mangá. Eu me sinto muito lobo solitário, na verdade. Normalmente, quando entra alguém que quer conversar com o dono da loja, procura um cara. Ninguém vê uma mulher sendo dona de loja de mangá assim. Porque é um mercado que sempre foi muito voltado para homens”, diz.

Apesar dos desafios enfrentados por ser mulher em um nicho historicamente masculino, Amanda Belato continua quebrando barreiras. Com a Amora Book Store consolidada e a recente abertura da Livraria Universitária, instalada dentro da Univille, Amanda prefere manter segredo sobre seus próximos passos. “Eu só conto depois de realizar”, diz, sorrindo.
No entanto, ela prevê que o próximo projeto é grande o suficiente para tirar seu sono e alimentar ainda mais o universo geek em Joinville.