
O esporte como caminho de disciplina e superação
Luiz Felipe, morador de Barra do Sul, já conquistou três títulos nacionais no Muay Thai
Por Ana Fidêncio e Kethlyn Dos Santos
É na cidade praiana de Balneário Barra do Sul, no litoral de Santa Catarina, que moram os 11 anos de trajetória no Muay Thai de Luiz Felipe Oliveira. Foi ali, entre a rotina simples do pequeno município e o barulho das ondas, que ele encontrou, no esporte, uma forma de moldar o corpo e a mente. Aos 23, anos, Luiz já conquistou três títulos nacionais e três regionais.
O Muay Thai nasceu na Tailândia. O nome da luta surgiu em 1930. Sucessor de uma antiga arte marcial militar, passou a ser um esporte regulamentado, mas a sua chegada ao Brasil só aconteceu 40 anos depois. Somente nos anos 90 o esporte começou a ganhar força, principalmente ligado ao vale-tudo (antecessor do MMA). No país, o Muay Thai não tem uma federação unificada e enfrenta desafios ligados à falta de patrocínios e de visibilidade.. Mesmo diante de um cenário adverso, Luiz busca inspiração em uma frase de Bruce Lee: “não rezo por uma vida fácil, mas por força para suportar uma difícil”.

“Eu treinava para bater nos outros”
Nascido em Lages e criado na praia, Luiz lembra que a infância foi marcada por crescer perto do mar, mas também pela necessidade de canalizar energia e disciplina. O interesse pelo Muay Thai surgiu aos 11 anos, quando o tio o levou para treinar, uma tentativa de colocá-lo na “linha”.
— Eu era um menino muito arteiro, fazia muita confusão. Meu tio falou: “vamos para o Muay Thai” e eu curti. Acompanhei o primeiro treino, gostei, me empolguei — lembra Luiz. — Não treinava só por hobby, treinava para aprender a bater nos outros, mas depois fui adquirindo disciplina e comecei a levar tudo pro ringue — conta sorrindo .
Força constante
O atleta destaca o quanto sua avó foi importante para a sua criação, desempenhando o papel de pai e mãe. Nostálgico, também recorda da experiência no Exército Brasileiro.
— Foi uma lição de vida, onde pude enxergar meus limites e superar muitos desafios com persistência.

A força da disciplina
Não fosse o esporte, a vida de Luiz poderia ter tomado rumos bem diferentes. Na adolescência, ele chegou a andar com más companhias, pessoas que tinham envolvimento com o mundo do crime.
— A ilusão do dinheiro fácil e da noitada… Lá dentro você vê muita coisa, muita coisa pesada, mas Deus me tirou de lá. Hoje estou fazendo o que amo e buscando evoluir sempre — afirma.
Esse período do passado serviu como ponto de virada, reflexo da determinação de quem transformou disciplina em identidade.
A ex-atleta Gabryella Santos Rocha, amiga de Luiz, comenta que o atleta sempre foi muito querido e respeitoso com todos. Ela fez sua estreia como corner (membro da equipe que, junto com o treinador, é responsável pelo cuidado com o atleta durante a luta) em uma das lutas do amigo. A professora de Educação Física e treinadora Ana Karina Rocha conheceu Luiz através de um dos seus projetos sociais e chegou a ser parceira de treino do atleta, antes de se tornar a responsável pela academia Fight Lab BBS. A parceria segue até hoje.
No dia 8 de agosto a equipe Fight Lab BBS recebeu uma Menção Honrosa na Câmara de Vereadores do município, reconhecimento por representarem a cidade dentro do esporte.
