Telefone Preto 2: Entre o inventivo e o formulaico
Resenha crítica por Guilherme Beck Scolari
Se existe um argumento que odeio quando o assunto é cinema, é o de que “esse filme não precisava existir”, pois ora bolas… como assim? Acredito fielmente que todo longa pode provar o porquê veio a ser — e é nesse contexto que fui de mente totalmente aberta à sessão de Telefone Preto 2.
Embora considere essa sequência inferior ao seu antecessor, o resultado final me agradou bem, com cenas gráficas marcantes e divertidas, além de boa dose de consequências – aprofundando temas previamente apresentados, além de se diferenciar suficientemente da primeira parte para contar um mistério envolvente.
Dito isso, nada oferecido aqui se destaca muito no quesito originalidade – o longa bebe muito de A Hora do Pesadelo 3, ainda que se desenvolva mais no suspense do que os slashers oitentistas costumavam fazer. Ademais, alguns diálogos poderiam ser um pouco mais curtos e menos expositivos, visto que a trama não é tão complexa quanto acredita estar se vendendo, o que acaba arrastando a duração de 114 minutos (principalmente no 2º ato).
Algumas conexões que o roteiro faz podem soar forçadas, mas isso depende da suspensão de descrença individual de cada um. Particularmente, elas foram suficientes para chamar minha atenção – e como estava entretido pelo longa, pouco me incomodaram.
Certos momentos carecem de uma inspiração maior, entregando apenas o feijão com arroz do terror – inclusive se comparado com o filme anterior. Dito isso, quando o diretor Scott Derrickson se arrisca um pouco mais em sua condução, Telefone Preto 2 brilha.
A trilha praticamente passa em branco, mas tem alguns poucos momentos de inspiração. Já a cinematografia encanta com visuais, belos cenários e um criativo uso da linguagem cinematográfica dentro do universo das percepções da protagonista.
Os atores mandam muito bem, com destaque para o sempre competente Ethan Hawke e para o pupilo prodígio de Hollywood: Mason Thames. Me chamou atenção a troca do protagonismo para Madeleine McGraw – e embora gostasse de passar um pouco mais de tempo com Finney, considero esse um acerto para manter o frescor.
Portanto, Telefone Preto 2 é definitivamente um acerto para a Blumhouse. Recomendo aos fãs de suspense e terror, principalmente aos carentes de um novo A Hora do Pesadelo e àqueles que gostaram do primeiro filme.

Avaliação: ⭐️⭐️⭐️/5
