Falta de iluminação nas ruas afeta moradores e comerciantes
Após anos de espera, Joinville inicia a modernização da iluminação pública com nova Parceria Público-Privada
Por David Martins
Após duas décadas de tentativas para viabilizar uma Parceria Público-Privada (PPP), Joinville vive hoje um contraste evidente na gestão da iluminação pública. De um lado, a Prefeitura comemora a formalização do contrato que promete modernizar a rede e trazer tecnologia para o sistema. De outro, moradores de diferentes bairros seguem enfrentando a demora na reposição, e a insegurança que acaba sendo provocada pela falta de luz nas ruas.
Andrey Cortina morador da rua Márcio Luckow, no bairro Vila Nova, conta que uma lâmpada está queimada há mais de cinco meses. Mesmo após registrar reclamação junto aos canais oficiais, ele afirma que o problema persiste. Para ele, a questão vai além da falta de visibilidade. “Já houve momentos em que recebi visitas que não se sentiram seguras de deixar o carro estacionado ou de permanecer na calçada, por conta da escuridão”, relata o morador.
Em outro ponto da cidade, o comerciante Fernando Daniel Eggert Werner, morador da rua João Severino Mateus, bairro João Costa, enfrenta uma situação parecida há dois anos. De acordo com o morador, a falta de luz provoca insegurança para todos e impactando diretamente os comerciantes locais. Mesmo diante das dificuldades, a recente assinatura da PPP reacendeu expectativas positivas entre os moradores. “Um sentimento de esperança e uma espera de promessas cumpridas”, explica Andrey.
A Prefeitura de Joinville reconhece as falhas na iluminação pública, mas garante que o trabalho de manutenção é contínuo e que fatores externos acabam atrasando a manutenção da iluminação da cidade. O município informa que Joinville conta com cerca de 63 mil luminárias instaladas e que, entre agosto e setembro, foram atendidas 6.067 solicitações de manutenção. Segundo a Prefeitura, o índice de falhas na rede foi reduzido de 4,49%, em março, para 3,61% atualmente, resultado de ações de vistoria, reposição de lâmpadas e ampliação das equipes de campo.
Problema antigo
Segundo o colunista Jefferson Saavedra (NSC Total), o acúmulo de postes sem luzes teve início em outubro de 2020, quando terminou o contrato de modernização e manutenção, sem prorrogação no governo Udo Döhler. A nova gestão fez um contrato emergencial só de manutenção, insuficiente. “Ficaram postes e lâmpadas queimados, gerando um passivo. Nos últimos dois anos, é uma das principais queixas na Ouvidoria”, explicou Saavedra.
Mudanças oficiais
A gestão municipal aposta que o novo sistema de telemetria, previsto na Parceria Público-Privada (PPP), trará mais eficiência e agilidade no atendimento. “Com a PPP, a iluminação pública deve ter ainda mais evolução tecnológica. Com a modernização do sistema, a rede poderá ser monitorada automaticamente, o que permitirá detectar falhas em tempo real. Hoje, além das notificações dos moradores, os técnicos também fazem inspeções manuais para identificar problemas”, respondeu a Prefeitura por meio da assessoria.
A parceria, com duração de mais de 20 anos, foi firmada com o Consórcio QLUX em leilão que teve deságio de 30% sobre o valor inicial, totalizando R$350 milhões. O contrato prevê a instalação de ao menos 10 mil novos pontos de iluminação e a substituição gradual das lâmpadas atuais por tecnologia LED, o que deve reduzir custos de manutenção e ampliar a luminosidade nas vias públicas. O sistema será custeado integralmente pela arrecadação da COSIP, sem cobrança adicional aos contribuintes.
A Secretaria de Infraestrutura Urbana estima que a operação plena da concessão ocorra apenas em 2026, após a elaboração de planos técnicos, a formação de estoques e o treinamento das equipes.
