Câmeras corporais começam a integrar rotina do trânsito
Equipamentos reforçam a transparência e segurança nas abordagens em toda a região de Joinville
Por Júlia Gava
A adoção das câmeras corporais pelos agentes de trânsito de Joinville passou a compor de forma definitiva o protocolo de fiscalização na cidade desde o dia 3 de novembro. O dispositivo, conhecido como bodycam, um equipamento preso ao uniforme que registra áudio e vídeo durante o atendimento, foi incorporado pelo Departamento de Trânsito (Detrans) como mecanismo de controle e transparência nas interações com os motoristas.
Antes de iniciar o uso, os 64 agentes passaram por treinamento para operar as câmeras e seguir o procedimento exigido. Eles devem avisar o cidadão de que a abordagem será registrada e só então acionar o equipamento. Ao fim do turno, os arquivos são transferidos para um sistema externo e permanecem armazenados por três anos, garantindo rastreabilidade e possibilidade de consulta quando necessário.
A prefeitura aponta que o registro audiovisual tende a reduzir conflitos e esclarecer divergências, além de fortalecer a confiança no atendimento público. O diretor-presidente do Detrans, Paulo Rogério Rigo, reforça o papel da ferramenta na condução das fiscalizações, dizendo que as câmeras são uma ferramenta extra de segurança que atenderão a necessidade de inspeção tanto dos agentes quanto dos abordados. O diretor também ressalta que as imagens só serão acessadas quando for de extrema necessidade, cabendo ao poder público decidir seu uso, caso a caso. “Com isso, garantimos mais segurança para o agente da lei e também para o cidadão”, destaca Rigo.
A implementação também reacende discussões sobre a expansão da tecnologia para outros setores da segurança municipal. A Guarda Municipal, que atua armada, segue sem previsão para incorporar equipamentos similares, ponto levantado por especialistas que defendem a padronização do uso em diferentes frentes. Até o momento, não foram anunciados novos setores que possam adotar o equipamento. Expansões dependem de análises técnicas oficiais.
O que os moradores pensam das câmeras
A adoção das câmeras corporais pelos agentes de trânsito despertou uma mistura de aprovação e cautela entre quem convive diariamente com as fiscalizações. A aposentada Marli Carlotto, 69, apoia a ideia, mas mantém o cuidado. “Registro é importante, claro. Só fico pensando se tudo será mesmo usado de forma justa. A tecnologia é boa, mas depende de quem opera”, conta.
O estudante de design Gustavo Macedo, 19, percebe uma mudança no clima das abordagens. “Parece que todo mundo fica mais consciente. Você vê o equipamento e automaticamente controla o jeito de falar. E os agentes também.”
Para a assistente de RH Maria Luiza Oliveira, 20, a ferramenta traz equilíbrio. “Ajuda a esclarecer situações e diminui aquela discussão de versões das pessoas. Mas, se não tiver transparência, vira só mais um equipamento que ninguém sabe como funciona”, diz.
No geral, a expectativa é de que as gravações sirvam como um instrumento real de proteção e esclarecimento, sem substituir a postura profissional dos agentes nem o bom senso dos motoristas, que continuam fundamentais para evitar conflitos em situações de dúvidas durante as abordagens.
“Parece que todo mundo fica mais consciente. Você vê o equipamento e automaticamente controla o jeito de falar. E os agentes também.” Gustavo Macedo, estudante.
