Inclusão e respeito: conheça o trabalho da APISCAE
Dificuldades na inclusão de pessoas com déficit intelectual no mercado de trabalho e no ensino motivou criação da associação
Por: Cauê Claro
No nosso cotidiano vemos rampas, relevos e outros equipamentos para acessibilidade de PCDs (Pessoas Com Deficiência), porém uma parte específica desta comunidade ainda sofre diariamente com a inclusão: as pessoas com deficiência intelectual. Segundo a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa), cerca de 8,4% da população brasileira, ou seja 17,3 milhões, apresentam alguma deficiência, e representando 1,2% dos brasileiros, ou seja 2,5 milhões, estão os deficientes intelectuais. A dificuldade na inclusão dessas pessoas pode ser causada por falta de adaptação de novos hábitos, de tratamento diferenciado e, principalmente, de respeito.
Nesse contexto, a problemática da inclusão no mercado de trabalho tem início na fase do ensino básico, segundo a lei 13.146 artigo 9, todo aluno PCD tem o direito de ter o auxílio individual de um professor. Débora Formigon, mãe de uma jovem com déficit intelectual que estudou na rede pública de ensino, conta que a realidade é outra.
Segundo a mãe, nos momentos que a filha teve auxílio, a professora era muito dedicada e realmente melhorou a capacidade de aprendizado da aluna, mas ela esteve presente em poucos momentos, pois a mesma professora precisava auxiliar diversos alunos com necessidades especiais, assim deixando sua filha sozinha, sem um ensino adaptado.
Ainda segundo relatos da mãe, sua filha não tinha vontade de frequentar a escola, pois se sentia excluída de forma geral. “Me sinto invisível, como um fantasma”, dizia a menina à mãe. Esse despreparo das escolas em geral, fez com que Débora não matriculasse a filha no ensino médio, e após cerca de seis meses procurando uma solução, ela encontrou um instituto que ajudaria na preparação da filha para o mercado de trabalho, a APISCAE – Associação Para Integração Social de Crianças a Adultos Especiais.
APISCAE
Fundada em 12 de março de 1998, em Joinville, Santa Catarina, por pais, familiares e amigos de pessoas com deficiência, a APISCAE atua no atendimento e na defesa de direitos, promovendo a inclusão, desenvolvimento e preparação para o mundo do trabalho de pessoas com deficiência intelectual. Atualmente o instituto auxilia 74 alunos e suas famílias e conta com o auxílio financeiro da Secretaria de Assistência Social de Joinville e também com a Fundação Catarinense de Educação Especial, e oferece os cursos de informática básica, atendimento ao cliente e culinária, além dos ensinamentos básicos de profissionalização.
Para o psicólogo do instituto, Rafael Rodrigo de Morais, os principais cuidados para ensinar essas pessoas são o estímulo da organização, a adoção de pequenas metas e principalmente, paciência e carinho. Segundo o profissional, as empresas precisam se preparar para incluir esses jovens, adaptando métodos de trabalho e treinando funcionários, ou seja, preparando um ambiente favorável para essa pessoa se sentir incluída.
Também é apontada por Rafael a necessidade de a sociedade em geral iniciar esse processo de inclusão. “É necessário tratar a pessoa com deficiência com respeito, muitas vezes elas percebem no olhar do outro o preconceito, muitas vezes fazendo com que ela não frequente os espaços de convívio social. Se ela for tratada com respeito, assim como todos merecem, sentindo o sentimento de pertencimento, ela irá sentir vontade de frequentar esses espaços, isso já seria incrível”, diz o psicólogo, Por último, Rafael faz um apelo para que as pessoas ajudem na divulgação de instituições de inclusão social, pois muitos deficientes intelectuais ficam desamparados devido a falta de conhecimento da existência desses projetos.