Casos de meningite voltam a crescer em Santa Catarina
Por: Giovana Franco, Guilherme de Miranda e Júlia Balsanelli.
De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE), durante a pandemia do coronavírus, os casos de meningite diminuíram devido ao isolamento social, contudo voltaram a crescer a partir de 2022. Dos 532 casos confirmados, de janeiro a agosto de 2023, 44 óbitos foram registrados, representando uma taxa de letalidade de 8,3%.
Em Blumenau, uma morte causada por meningite foi confirmada no mês de maio e os casos, no município, aumentaram em 40% entre janeiro e agosto, comparado ao mesmo período de 2022. A Prefeitura emitiu nota de alerta sobre a doença à população e aos servidores, que devem estar preparados para receberem os casos e orientar os pacientes a respeito da identificação, diagnóstico, tratamento e, principalmente, a prevenção da doença. Destaca-se a maior ocorrência dos casos entre crianças que frequentam instituições de ensino do município.
A meningite é uma inflamação nas meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. É causada por três diferentes agentes infecciosos: bactérias, vírus e fungos, além de outros agentes não infecciosos, como traumatismos. A transmissão da doença ocorre de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por meio de gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também pode ocorrer transmissão através de ingestão de água,alimentos contaminados e pelo contato com fezes. O risco de contrair a meningite é maior entre crianças de até cinco anos.
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção da meningite, pois reduz o risco de contaminação e de complicações. A meningite viral é a forma mais comum da doença; a bacteriana, apesar de menos frequente, é a responsável pelos casos mais graves e letais. Existem 12 variações da bactéria meningococo e, para elas, estão disponíveis 8 tipos de vacina. Segundo o médico neuropediatra Fábio Agertt, as cinco principais vacinas estão acessíveis no setor público de saúde e outras 3, menos comuns, no setor privado.“A escolha das vacinas para cada criança deve ser orientada pelo pediatra que a acompanha”, afirma o médico.
De acordo com o Calendário de Vacinação Infantil, a aplicação da vacina Meningocócica Conjugada C é feita em crianças de 3 e 5 meses, com reforço quando a criança atinge um ano. Uma dose da Meningocócica ACWY é aplicada aos 5 anos e um reforço aos 11. Segundo a enfermeira Arytana Kluck, responsável pela vacinação na UBS Barra do Saí, em Itapoá, se uma criança entre 1 a 4 anos, sem nenhuma dose da vacina, for atendida na Unidade Básica de Saúde, a orientação é aplicar um reforço. Após os 4 anos, receberá a vacina somente se obtiver uma solicitação médica a ser liberada pela Secretaria Regional de Saúde.
Campanhas estimulam prevenção
Uma das estratégias adotadas para fortalecer a imunização da população brasileira é a Campanha de Multivacinação. O objetivo é garantir que todas as carteiras de vacinação estejam atualizadas e que as pessoas estejam devidamente protegidas contra uma série de doenças, inclusive a meningite. “Nós olhamos todas as carteirinhas de vacinação e aplicamos as que estão faltando, seja a da meningite ou qualquer outra. Nenhuma vacina passa batida”, afirma a enfermeira Arytana. “É de extrema importância manter o quadro de vacinação completo e atualizado”. A abordagem dessa campanha desempenha um papel crucial na prevenção de doenças infecciosas e na promoção da saúde pública.
A prevenção a infecções como a meningite vai muito além da vacinação, uma vez que a principal forma de contaminação ocorre através do contato entre pessoas, especialmente por meio das vias respiratórias. Por isso adotar medidas cotidianas de precaução, como evitar o compartilhamento de objetos pessoais e manter a higiene das mãos são práticas simples, mas fundamentais. Essas ações não apenas contribuem para a prevenção da meningite, mas também de outras doenças infecciosas. Portanto, a conscientização e implementação dessas medidas no dia a dia são essenciais para a saúde tanto individual quanto coletiva.
- Reportagem desenvolvida dentro da disciplina de Escrita Jornalística, da professora Marilia Crispi de Moraes