Empreendedoras destacam-se na economia catarinense
Apesar dos desafios, cada vez mais mulheres ganham destaque no estado
Por Hayana Ribas
O cenário empresarial está em constante transformação. Novas tecnologias e modelos de negócios surgem todos os dias. Contudo, essa evolução não foi uniforme, especialmente no que diz respeito às oportunidades e ganhos entre homens e mulheres. A presença marcante do machismo na sociedade, especialmente no âmbito profissional, criou obstáculos diários para as mulheres no mercado de trabalho.
Dados recentes apontam para um crescimento significativo do empreendedorismo feminino no país. De acordo com a última pesquisa do Sebrae, utilizando dados do IBGE, no terceiro trimestre do ano passado o país registrou a presença de 10,3 milhões de mulheres à frente de seus próprios negócios, representando mais de 34% do total de empreendedoras. Em Santa Catarina, esse movimento também se faz presente, refletindo a força e a determinação das empreendedoras locais.
Vilma Dagnoni, 56, é professora aposentada e moradora de Joinville, depois que parou de dar aulas sentiu a necessidade de voltar a trabalhar para manter a mente ativa e continuar se sentindo produtiva, além de que um novo empreendimento iria contribuir no orçamento familiar.
Hoje ela dá aulas particulares e vende marmitas e apesar de ainda existirem desafios que a mulher empreendedora precisa enfrentar, aos poucos o cenário tende a melhorar. “Ainda existe resistência, porém, o protagonismo feminino está crescendo e ganhando destaque em alguns setores, os horizontes são promissores.
Há preconceito ou discriminação, sim, mas diminuindo. Porém, tudo é construído com muita luta. São desafios diários”, afirma a microempreendedora.
Incentivos e apoio empresarial
O empreendedorismo feminino tem recebido apoio de diversas iniciativas e organizações que reconhecem a importância da diversidade nos negócios. A criação de redes de apoio, mentorias específicas e acesso facilitado a linhas de crédito têm contribuído para impulsionar os empreendimentos liderados por mulheres.
A presidente do Núcleo de Mulheres Empreendedoras da Associação Empresarial de Joinville (ACI), Eviline Neermann, 58, compartilha como ocorreu o surgimento do núcleo que hoje é um dos maiores de Santa Catarina, contando com 124 nucleadas.
“O núcleo surgiu em 1995, foi formado por mulheres empresárias da época, com o objetivo de fortalecer a categoria. O principal trabalho do associativismo é promover o desenvolvimento e a geração de negócios, mas ele surgiu como uma forma de tornar a mulher mais representativa nesse mundo empresarial”, disse Eviline.
Sobre os desafios de empreender em Joinville, a presidente afirma que a cidade reconhece o trabalho da mulher empreendedora, visto que depois de 110 anos, hoje a presidente da Associação Comercial Industrial de Joinville é uma mulher, além da vice-prefeita da cidade também ser mulher.
Contudo, Eviline admite que ela e as colegas já ouviram comentários sexistas sobre o núcleo. “Existe sim um pouco de estereótipo que se faz em relação a mulher, nós já ouvimos que o núcleo é o clube do café, o clube do chá. A gente tem mostrado para a população empresarial da cidade que o nosso núcleo tem um objetivo muito forte que é promover esse desenvolvimento e tornar a mulher muito mais empoderada com muito mais condição de lutar de igual para igual”, diz.
Perspectivas
Com uma base sólida e conquistas notáveis, o protagonismo feminino em Santa Catarina e no Brasil projeta um futuro promissor. À medida que mais mulheres rompem barreiras, inspiram outras e contribuem para a economia, a visibilidade e a valorização do papel da mulher nos negócios continuam a crescer.
Celebrar as conquistas das empreendedoras é necessário, reconhecendo não apenas os desafios enfrentados por elas, mas também a resiliência que as impulsiona a seguir adiante, construindo um legado de mudanças e lideranças.